Berkeley, na Califórnia, entrou para a história ao se tornar a cidade dos Estados Unidos a proibir oficialmente a criação intensiva de animais após uma primeira votação inédita e significativa.
A Medida DD, uma iniciativa liderada por cidadãos, visa proibir Operações Concentradas de Alimentação Animal (CAFOs) em Berkeley. Os CAFOs são grandes instalações onde animais como vacas, porcos e galinhas são mantidos em condições de confinamento extremo para a produção de carne, laticínios e ovos. Essas operações também incluem animais explorados em outras indústrias, como entretenimento e esportes, e podem ser conhecidos por desconsiderar o bem-estar animal em prol do lucro.
Atualmente, não há CAFOs em funcionamento em Berkeley. A última instalação, uma pista de corrida de cavalos chamada Golden Gate Fields, encerrou suas atividades em junho deste ano após protestos contra mortes de animais no local. Uma nova medida garantirá que nenhuma nova instalação desse tipo seja construída na cidade. Com mais da metade dos votos contabilizados, 60% dos eleitores se posicionaram a favor da exclusão, que será efetivada assim que o resultado para oficializado. A campanha foi organizada pelos grupos Direct Action Everywhere (DxE) e Compassionate Bay, responsáveis pela mobilização de apoio popular.
Almira Tanner, moradora de Berkeley e líder do DxE, celebrou a vitória afirmando que os habitantes da cidade “tomaram uma posição histórica pelos animais e pelo planeta que compartilhamos”. Ela destacou que eventos climáticos extremos, como ondas de calor, furacões e enchentes, tendem a se intensificar ações contra atividades que afetam as mudanças climáticas, como a criação intensiva de animais, não são tomadas rapidamente.
As operações industriais de criação animal são responsáveis por 99% da criação de animais nos Estados Unidos e são definidas pela Medida DD como instalações onde os animais são fechados confinados e alimentados por 45 dias ou mais em um período de 12 meses, sem acesso significativo ao é livre. Além disso, como os CAFOs geralmente excedem limites de tamanho específicos pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, ou representam ameaças à qualidade da água.
Essas fazendas são amplamente criticadas como uma das formas mais cruéis de criação de animais, onde muitos passam a vida inteira em gaiolas, sem acesso ao ambiente externo. Algumas instalações chegam a abrigar centenas de milhares – ou até mais de um milhão – de animais. Além do sofrimento animal, essas operações têm impactos devastadores sobre o meio ambiente e as comunidades locais devido à poluição da água e do ar.
A criação intensiva também levanta preocupações sobre riscos de pandemias, com doenças como a gripe aviária sendo descritas como “bombas-relógio”. Recentemente, foram relatados casos entre trabalhadores do setor leiteiro, evidenciando o potencial de disseminação.
O DxE espera que a proibição de Berkeley sirva como um exemplo para outras cidades nos Estados Unidos, inspirando-se a adotar medidas semelhantes em defesa dos animais e do meio ambiente.