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RESILIÊNCIA

Berçários de elefantes-marinhos na Argentina lutam para se recuperar após surto de gripe aviária

14 de novembro de 2024
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Na Península Valdés, Argentina, o retorno dos elefantes-marinhos aos locais de reprodução neste ano traz à tona uma redução dramática em sua população. Um surto devastador de gripe aviária H5N1 em 2023 exterminou mais de 17 mil focas, eliminando quase 97% dos filhotes. Agora, apenas cerca de um terço da população habitual retornou. Para os pesquisadores, o cenário é ao mesmo tempo emocionante e perturbador. “É maravilhoso caminhar pelas praias e ouvir os elefantes-marinhos novamente. Mas estamos entre cadáveres e ossos, e vemos poucos haréns. É ainda inquietante”, relatou Marcela Uhart, diretora do Wildlife Health Center da UC Davis.

O surto, iniciado no começo de 2023, falou sobre a transmissão do vírus. Um estudo liderado pela UC Davis e pelo Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola da Argentina (INTA) mostrou que o H5N1 se propagou entre mamíferos marinhos, representando um salto significativo do vírus em diversos países sul-americanos. Uma análise genética revelou que o H5N1 se dividiu em diferentes clados, evoluindo em aves e mamíferos de forma independente. Essa adaptação é inédita e sugere uma capacidade alarmante de mutação em novos hospedeiros. “Este vírus pode se adaptar às espécies de mamíferos marinhos e até mesmo saltar de volta para pássaros”, destacou a virologista Agustina Rimondi, enfatizando a necessidade de intensificar a vigilância e a cooperação em pesquisas na região.

O impacto do surto também comprometeu anos de esforços de conservação, segundo Valeria Falabella, chefe de conservação costeira e marinha da WCS Argentina. Falabella relatou que o vírus disseimou mais de metade da população reprodutiva, incluindo machos adultos essenciais e fêmeas experientes, o que poderá exigir décadas para recuperação.

A WCS Argentina, em parceria com pesquisadores da UC Davis e virologistas do INTA, segue monitorando cada morte de foca no local de reprodução. Embora não tenham sido detectados novos casos de H5N1 entre as focas nesta temporada, persistem dúvidas. Não se sabe ao certo como o vírus foi transmitido — se pelo ar, fluidos corporais ou resíduos — e se as focas sobreviventes desenvolveram anticorpos.

O vírus continua impactando a fauna da região desde que chegou à Argentina, onde passou de aves selvagens para férias leiteiras, leões-marinhos e até porcos, evidenciando sua capacidade de adaptação entre espécies. O monitoramento contínuo é crucial para entender essas dinâmicas, que podem ter sérias implicações para a vida selvagem e a saúde humana.

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