Uma história tensa que se desenrola desde março teve um capítulo empolgante na última semana, quando notícias de que uma bebê orca, perdida em um lago da região da Ilha de Vancouver, no Canadá, encontrou o rumo em direção ao mar sozinha. Após perder a mãe, que ficou presa em águas rasas, a filhote vem sendo acompanhada por equipes que a alimentam com carne de foca, além de terem feitos várias tentativas de direcioná-la.

A reviravolta é importante, pois as possibilidades de um resgate do bebê, uma orca de dois anos de idade, não são consideradas as melhores abordagens, pelo estresse e mesmo a possibilidade de que o animal não resista a uma transferência para o oceano. Outro ponto crucial é que, ao achar o caminho do mar, o cetáceo tem chances de se reunir com sua família, o grupo a que ela e sua falecida mãe pertencem.

Nas primeiras horas da sexta-feira, durante a maré alta, um pequeno grupo de socorristas observou enquanto ela nadava sob a ponte que há muito era uma barreira à sua liberdade, narra reportagem do jornal The Guardian.

O animal foi sendo alimentado e direcionado ao local pelas equipes ambientais. A “fuga” bem-sucedida ocorre após tentativas fracassadas de direcionar o animal, que mobiliza uma equipe de cerca de 50 pessoas, incluindo agentes federais e integrantes de povos originários do Canadá. Foram usados sons de outras orcas, barulhos metálicos na água e mesmo cordas com boias na tentativa de levar a bebê ao caminho do oceano.

A pequena orca foi batizada pelos locais como “pequena caçadora valente”. A saga começou em 23 de março, quando moradores de uma comunidade costeira ao longo do noroeste da Ilha de Vancouver avistaram a mãe, chamada Spong, presa em uma depressão semelhante a uma calha na costa. O filhote circulava nas águas rasas próximas enquanto sua mãe lutava, e gritos de angústia foram ouvidos em hidrofones colocados na água.

Janela de 30 minutos por dia para escapar

Esses mamíferos geralmente costumam ficar com suas mães durante toda a vida, então não se sabia se a orca de dois anos algum dia deixaria o local.

O resgate no local é diariamente dificultado pelas características do lago: por lá, a água sobe apenas o suficiente por 30 minutos a cada dia para facilitar a fuga da jovem orca. As equipes também hesitaram em alimentar o animal, pois podem prejudicar a rotina de caça em alto mar.

“A realidade é que ajudar a baleia a se alimentar pode resultar em um relacionamento com os humanos que seria difícil de quebrar. Mas minha preocupação real é que a baleia saia da lagoa em segurança e alcance seu grupo”, disse o chefe da Ehattesaht First Nation, Simon John, à imprensa local.

Fonte: Um Só Planeta