Quando filhotes de animais são resgatados e levados para abrigos de vida selvagem, eles precisam de muito mais do que cuidados físicos — precisam de conforto e companhia. E, às vezes, esse apoio vem de onde menos se espera. No Raptor Center of Tampa Bay (RCTB), nos Estados Unidos, um gambá órfão e um esquilo bebê formaram um vínculo tão forte que surpreendeu até os especialistas.
Tudo começou quando o RCTB acolheu um filhote de gambá órfão, que pesava apenas 46 gramas. Como não havia outros gambás no centro, o animal foi colocado sozinho em um recinto. Naquela noite, Nancy Murrah, reabilitadora de vida selvagem e fundadora do RCTB, notou que o gambá havia desaparecido. A surpresa veio ao descobrir que o pequeno aventureiro escapou e foi parar no cercado dos esquilos bebês, onde dormia pacificamente aninhado com eles.
Apesar de serem de espécies diferentes, o gambá e os esquilos se deram tão bem que pareciam uma família. “Ela tinha mais ou menos o mesmo tamanho deles e se encaixava perfeitamente”, contou Murrah ao The Dodo. “É como se dissessem: ‘Se você é órfão, qualquer outro órfão serve.'”
Além de proporcionar conforto emocional, a companhia entre os filhotes ajuda a mantê-los aquecidos, já que animais tão jovens não conseguem regular sua temperatura corporal sozinhos. Murrah explicou que, embora eles sejam envoltos em cobertores e colocados em incubadoras com almofadas térmicas, o aconchego entre eles torna o ambiente ainda mais acolhedor.
A amizade entre o gambá e os esquilos continuou mesmo após a transferência de quatro dos cinco esquilos para outro local. O esquilo que ficou para trás, ainda precisando de cuidados extras, acabou se reunindo ao gambá de forma inesperada. “Ele se contorceu para sair de seu cubículo e entrar no recinto do gambá”, relatou Murrah.
Para garantir o desenvolvimento adequado dos animais, que precisam conviver com membros de sua própria espécie, o gambá e o esquilo foram transferidos para o Little Bit Wildlife Rescue. Lá, eles seriam colocados com outros gambás e esquilos, respectivamente. No entanto, a conexão entre os dois era tão forte que, na primeira noite, eles escaparam de suas bolsas e se reencontraram.
“Eles decidiram se agarrar um ao outro em busca de conforto”, disse Murrah.
Apesar do vínculo emocional, o objetivo final é prepará-los para a vida selvagem. Assim que estiverem fortes o suficiente, ambos serão soltos na natureza, cada um seguindo seu caminho. Mas, enquanto isso, a amizade improvável entre o gambá e o esquilo serve como um lembrete tocante de como o apoio e o afeto podem surgir nos lugares mais inesperados.
“Eu acho muito fofo quando eles fazem isso”, concluiu Murrah, emocionada com a história dos dois órfãos.
