Um morador da Libéria encontrou um bebê chimpanzé que tinha sido atacado por caçadores e perdeu toda a sua família sendo vendido no mercado negro por traficantes de animais. Ao olhar para o pequeno animal, ele percebeu que ele precisava urgentemente de ajuda e de um lar e, ilegalmente, o comprou.
Ele também deu um nome ao chimpanzé, que não poderia combinar melhor com a sua história de vida: “Survivor” (sobrevivente). Afinal de contas, o filhote tinha sido atingido por uma bala bem no meio da testa, e lutou muito para conseguir sobreviver.
Por um tempo, aquela seria a casa definitiva de Survivor. Mas manter um macaco como animal doméstico acabou se mostrando muito mais complicado do que o homem esperava. Como o pequeno chimpanzé cresceu, ele se tornou mais forte e, por não ter árvores para escalar, ele tentava subir por toda a casa – deixava móveis destruídos por onde passava.
Foi então que o homem contatou Jenny Desmond, co-fundadora da organização Resgate e Proteção do Chimpanzé da Libéria (LCRP). Ele percebeu que não poderia dar ao sobrevivente o que ele precisava para crescer e sabia que entregá-lo à LCRP seria a melhor opção. Desmond, é claro, recebeu o Survivor de braços abertos.
Em uma entrevista ao portal britânico The Dodo, Jenny conta que o animal ficou extremamente feliz ao chegar no santuário. “Ele imediatamente pulou em meus braços quando eles saíram do carro”, relata. E não parava de sorrir por sequer um minuto ao perceber o espaço que teria para poder brincar, correr e se exercitar – como um animal selvagem deve fazer.
Survivor percebeu quase instantaneamente que ali ele teria tudo o que precisava. Isso ficou nítido enquanto ele não desgrudava o olhar dos outros chimpanzés vagando pelo quintal aos pés de Desmond. Depois de alguns minutos, ele se afastou da protetora, desceu e correu em direção aos outros chimpanzés para brincar.
“Olhe para esse garoto incrível”, Desmond escreveu em uma postagem no Facebook. “Passou pela perda de sua mãe, foi vendido no mercado negro e passou anos de isolamento, sem uma família de chimpanzés”. Enquanto sorria e ria com os outros amigos, ficava claro que ele sobrevivera a outra dificuldade, e este era o começo de uma nova vida para o animal.
Infelizmente, o que aconteceu com o Survivor não é incomum. Chimpanzés são recorrentemente alvo de caçadores e traficantes de animais selvagens, que matam os adultos para a caça e vendem os filhotes chimpanzés para o comércio ilegal de animais.
Histórias como essa, e também a perda do habitat natural, estão causando estragos inimagináveis em populações inteiras de chimpanzés. Há um século, a estimativa era de que houvessem cerca de 2 milhões de chimpanzés em toda a África. Esse número reduziu significativamente, e hoje restam apenas 350 mil.
Em um nível individual, bebês chimpanzés que são arrancados de suas famílias sofrem muito. Os chimpanzés estão intimamente relacionados com os seres humanos e são altamente criaturas sociais. Quando chimpanzés bebês são privados de interação social com sua própria espécie, eles correm risco de estresse psicológico severo.
O santuário LCRP formou uma parceria oficial com a polícia da região para fazer um trabalho de conscientização nas comunidades e vilas locais.Eles também pretendem ajudar a levar os chimpanzés apreendidos dos traficantes para o santuário, em segurança, a tempo.
A organização tem tentado ao máximo ajudar as pessoas não apenas próximas, mas ao redor do mundo, a entender como os chimpanzés são importantes e que correm perigo de extinção. A equipe tem procurado outras organizações internacionais para montar alguma programação especial, aproveitando a chegada do primeiro “Dia Mundial do Chimpanzé”.