Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
O uso de animais em pesquisas biomédicas foi amplamente praticado nos séculos 19 e 20, com muitos desses experimentos desempenhando um importante papel na descoberta da insulina, da penicilina e da vacina contra a poliomielite. Hoje, a comunidade científica continua a fazer avanços que nos trazem esperanças para o futuro. Devido à medicina moderna, milhões de pessoas em todo o mundo têm conseguido lidar melhor com uma série de patologias. Com essas conquistas, no entanto, também tem crescido a compreensão sobre a complexidade da exploração dos animais nessas pesquisas.
Conforme o sentimento público continua a mudar, laboratórios de todo o mundo estão começando a perceber que precisam encontrar alternativas mais seguras e eficazes aos testes em animais. Em Março de 2013, uma lei europeia passou a tornar ilegal vender produtos cosméticos testados em animais em todo o continente. Enquanto isso, laboratórios ao redor do mundo continuam a descontinuar pesquisas com chimpanzés – ou fazem planos para isso.
Infelizmente, com todo esse progresso na direção certa, existem aqueles que parecem ter ficado presos ao passado.
Melhores amigos do homem e objetos de testes
Além da luta pública pelo fim das pesquisas médicas em chimpanzés, as pessoas associam testes e laboratórios a animais como camundongos e outros roedores, que são altamente inteligentes e sociais; mas o que dizer quanto a outras espécies animais?
É seguro dizer que as pessoas não costumam associar esses testes com o animal considerado o melhor amigo do homem. Uma vez que os cães são animais de companhia, a grande maioria do público se opõe ao uso dos mesmos em pesquisas médicas. Infelizmente eles, especificamente os da raça Beagle, são comumente usados como objetos de testes na indústria farmacêutica. De acordo com a Sociedade Americana Anti-Vivissecção, uma organização que advoga pelo fim do uso de animais em pesquisas, entre 70 mil e 75 mil cães são utilizados em testes nos Estados Unidos a cada ano e incontáveis outros são usados pelo mundo afora.
Nesses testes, os beagles são sujeitos a condições horríveis que a maioria das pessoas iria desaprovar veementemente se soubesse mais sobre elas. A Harlan Breeding é uma das empresas que o público deveria conhecer.
Harlan Breeding
Após seus planos terem sido rejeitados duas vezes devido a forte oposição, a Yorkshire Evergreen (B&K Universal) ganhou recentemente a aprovação para criar uma unidade em East Yorkshire que irá confinar beagles e furões para serem reproduzidos para experimentos em laboratórios. Esta empresa será a segunda do tipo em Cambridgeshir, onde cerca de 3.000 beagles são procriados e vendidos para laboratórios a cada ano, e nascem com o único propósito de se tornarem objetos de teste para diversos laboratórios.
Os que apoiam essas instituições insistem na ideia de que reproduzir os cães no local é mais fácil e permite uma melhor qualidade de cuidados que se eles tivessem que ser “importados” do exterior.
De acordo com um porta-voz da nova unidade, “Nossos animais não são criados para uma vida de sofrimento. A vasta maioria dos procedimentos de nossos clientes envolve nada mais que uma injeção ou aditivos alimentares. Nenhuma dor é envolvida”.
Obviamente, esta declaração difere inteiramente de uma declaração emitida pela organização Abolition of Vivisection, que alertou: “Beagles podem ser forçados a ingerir produtos químicos e drogas em cápsulas ou via tubos plásticos inseridos em suas bocas, diretamente em seus estômagos ou amarrados em uma série de fios durante horas, enquanto substâncias são bombeadas direto em suas correntes sanguíneas. Animais podem sofrer efeitos adversos que resultam em vômito, diarreia, perda de peso e letargia. Alguns cães podem ficar tão doentes que, se não morrem, são induzidos à morte”.
O Conselho de Pesquisa Médica insiste que, pela lei, esses cães são essenciais para o processo de experimentação antes que sejam feitos os testes em humanos, e que é o “melhor que se tem hoje”. A verdade é que muitas empresas usam atualmente uma enorme variedade de alternativas aos testes em animais que incluem métodos “in vitro” (culturas celulares e de tecidos), células-tronco, micro-dosagem (testes em humanos), modelos computadorizados e simulações.
Essas companhias teimam em argumentar que oferecem aos seus animais a melhor qualidade de tratamento, algumas indo tão longe ao insinuar que os animais em seus laboratórios são mais felizes que os cães que vivem em lares amorosos. Contudo, essas instituições raramente comentam ou expõem o modo como os animais sob seus cuidados são tratados, ou de que forma os testes são realizados. Havemos de nos preocupar, pois se eles não querem que vejamos o que acontece por trás de suas portas, como isso pode ser algo bom?
Conscientização
O que há de mais perturbador é o fato de que esses beagles são, por natureza, criaturas dóceis e companheiros leais, virtudes que são exploradas pelos laboratórios no sentido de facilitar suas pesquisas.
Como podemos justificar a continuidade da cruel experimentação animal quando já alcançamos inúmeros progressos científicos que nos permitem uma infinidade de alternativas?
Apesar da abolição total do uso de beagles em laboratórios estar longe de ser uma realidade, pelo menos no futuro próximo, há muitas organizações trabalhando para criar uma vida melhor para os animais submetidos a viver em laboratórios. A Beagle Freedom Project é uma maravilhosa organização que ajuda a assegurar um futuro melhor para animais explorados em laboratórios.
Essa incrível organização trabalha junto a laboratórios para realocar cães e outros animais que são liberados após serem usados em testes. O grupo vem até mesmo trabalhando para fazer aprovar uma lei que determine a obrigatoriedade da aposentadoria desses animais após as pesquisas terem sido concluídas – e já ajudou a aprovar uma lei desse tipo na Califórnia.