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Bauruenses aderem à mobilização contra crueldade para reivindicar punição mais dura a quem maltrata animais

23 de janeiro de 2012
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Há um consenso entre as pessoas que não aceitam maus-tratos a animais da necessidade urgente de revisão das penas, consideradas muito brandas no Brasil. Para sensibilizar a sociedade como um todo, e autoridades em particular, centenas de pessoas foram às ruas de Bauru (SP) neste domingo (22) na manifestação “Crueldade Nunca Mais!”.
A mobilização ocorreu simultaneamente em várias cidades do Brasil e do exterior. Em Bauru, houve uma concentração com discussão para preparar a adesão a uma petição que pretende coletar milhões de assinaturas em todo o País para forçar o Congresso Nacional a modificar a legislação, tornando a penalização mais rigorosa. Atualmente, a lei considera os maus-tratos um crime de menor poder ofensivo, o que incentivaria a sua prática.
Os integrantes da Organização Não Governamental (ONG) Vidadigna, uma das entidades participantes do ato, aproveitou a concentração para circular um abaixo-assinado pedindo a proibição legal de veículos com tração animal em Bauru. Rosângela Bittencourt, membro da Vidadigna, acrescenta que o documento subscrito por milhares de bauruenses será entregue ao prefeito Rodrigo Agostinho, provavelmente em fevereiro.
Vestindo branco ou com a camisa da “Crueldade Nunca Mais!” e empunhando faixas e cartazes, centenas de pessoas ocuparam uma faixa da avenida Nações Unidas seguindo do Parque Vitória Régia até a praça da Paz e retornando ao Vitória Régia.
Delegado participa
Convidado, o delegado do Meio Ambiente, Dinair José da Silva, não se fez de rogado e foi um dos primeiros a chegar para a manifestação “Crueldade Nunca Mais!”, na manhã de domingo, no Parque Vitória Régia.
Titular do 1º Distrito Policial, sede da Delegacia Ambiental, na Vila Falcão, Dinair defende uma mudança na legislação para coibir com rigor abusos, maus-tratos e o tratamento cruel de animais. Dinair avalia que, do jeito que a lei está, quem maltrata acaba reincidindo mesmo sendo penalizado com a norma em vigor.
Para Dinair, os crimes precisam sair da competência do Juizado Especial Criminal (Jecrim) para o Juizado Comum. O delegado do Meio Ambiente argumenta que o Jecrim é responsável por crimes de menor potencial ofensivo, o que implica em penas como multa e trabalho comunitário para quem maltrata animais. Dinair argumenta que a mudança na lei possibilitaria a prisão em flagrante e aumento de pena.
O delegado cita que, além da crueldade contra o bichos, há o impacto psicológico causando danos ao tutor do animal, que sofre com a dor da perda. Dinair acrescenta que o poder público municipal em Bauru precisaria ser mais atuante, principalmente no trato de animais lesionados. “Hoje, nós temos o trabalho das ONGs”, frisa.
Gata supera drama e ganha nova chance
Empunhando cartaz com imagens da gata Raj, Marco Antonio de Carvalho Ramos é um símbolo de que a sociedade pode mudar sua relação com os animais.
Marco tem somente quatro anos de idade e é apaixonado por animais. Neste domingo, ele foi às ruas de Bauru para reivindicar fim do tratamento cruel e maus-tratos aos animais.
O garoto era um entre as dezenas de crianças que trocaram parte do domingo de sol para brincadeiras pela manifestação “Crueldade Nunca Mais!”. Em seu cartaz, havia fotos da gatinha Raj após ser ferida e já recuperada das agressões.
Marco segue os passos de sua avó, Zilma Ramos, que levou o neto para a passeata. Zilma conta que tem o hábito de acolher animais abandonados na rua e que são vítimas de violência. No dia 24 de fevereiro de 2009, ela encontrou Raj agonizando na rua em que mora. A gatinha apresentava ferimentos no pescoço.
Zilma conta que era um corte profundo com sangramento e a pele na volta do pescoço do animal foi arrancada com “precisão cirúrgica”. Marco tinha pouco mais de um ano quando a avó resgatou Raj. Zilma conta que foram necessários um ano com uso de medicação, isolamento de outros bichos em um cercado construído especialmente para Raj para o animal ter direito de voltar a viver normalmente. Para evitar que Raj arranhasse o ferimento na fase de cicatrização, Zilma teve que enrolar fitas em suas patas traseiras e estar constantemente monitorando os movimentos da gatinha. Ela acredita que Raj teria sido uma das vítimas de crueldade durante uma onda no período de 2008 e 2009.
Desaparecimento
Na edição do dia 3 de março de 2009, o JC destacou o caso de dois gatinhos filhotes mortos aparentemente enforcados e com as patas dianteiras pregadas em tábuas, com pregos de cerca de 10 centímetros. O crime ocorreu na Vila Independência.
No final de 2008, atearam fogo numa caixa com dois filhotinhos, que morreram carbonizados, conforme descrito pela gestora de conteúdo de Internet Sandra Maria Caetano, que cuidava de gatinhos abandonados.
Naquela época, Sandra comentou que, em 2008, os animais começaram a desaparecer, dando a entender que teriam sido adotados.
Porém, no início de 2009, os casos de crueldade contra os animais foram surgindo um após o outro.
No caso de Raj, o socorro foi providencial e a gatinha, enfim, sobreviveu. Marco foi crescendo observando os cuidados da avó com Raj e com outros animais que aparecem para ganhar o carinho de Zilma.
Atualmente, ela conta que não tem podido se dedicar com a mesma intensidade aos bichos devido a uma dificuldade de saúde. Contudo, carinho e amor não faltam pela dedicação aos animais do neto e da avó.
Hércules e Sansão agradecem
O Parque Vitória Régia é o parque de diversão dos irmãos Hércules e Sansão, dois dálmatas de 4 meses de idade. Os cães passeavam na manhã de domingo soltos. Obedientes, os dálmatas foram atração da população que chegava para a manifestação.
Os cachorros pertencem aos irmãos bauruenses Aldo Theodoro Gaiotto e Karla Karollynna de Fátima Gaiotto. Karla comenta que não sabia da manifestação “Crueldade Nunca Mais!”, porém aderiu à mobilização.
Meta: 1 milhão de assinaturas
Quem inicialmente puxou a mobilização em Bauru para a realização do “Crueldade Nunca Mais!” foi Patrícia Helena Hinke Beneditti, atitude que trouxe a adesão de diversas ONGs, como a Vidadigna, que já fazem um trabalho em prol dos animais na cidade.
Beneditti explica que as pessoas interessadas em assinar o abaixo-assinado da petição devem entrar no site da campanha e cadastrar seus e-mails. Brevemente, os cadastrados serão contatados. A meta é colher um milhão e meio de assinaturas. Beneditti conta que 170 cidades do Brasil e do mundo aderiram à manifestação.

Serviço

Acesse o site e dê seu apoio: www.crueldadenuncamais.com.br .
Fonte: JCNET

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