O Batalhão de Polícia Ambiental fez a maior apreensão de pássaros silvestres já registrada pela PM: 500 aves que eram mantidas em cativeiro foram recolhidas pela corporação. O trabalho foi fruto de investigações do Serviço de Inteligência e resultou na detenção de três pessoas, que responderão por crime de tráfico de animais. A multa pode chegar a R$ 500,00 por pássaro apreendido e a pena varia de 6 meses a 1 ano de reclusão.
De acordo com o subtenente Manoel Santos de Oliveira, a casa n° 41, da Rua do Arame, no bairro da Chã da Jaqueira, em Alagoas, servia como local de abrigo para manter em cativeiro mais de 500 pássaros silvestres. “Aqui não morava gente, a residência deve ter sido alugada apenas para abrigar as aves. Além do viveiro, que continha várias espécies, também encontramos dezenas de gaiolas, alçapões (armadilha para capturar pássaros), remédios próprios para aves e até um cágado, que estava sendo mantido num local escuro, insalubre, sem quaisquer condições de habitabilidade”, contou o militar.
Segundo ele, essa foi a maior apreensão de pássaros silvestres já realizada pelo Batalhão Ambiental.
Maus-tratos
A forma como os pássaros estavam sendo tratados dentro do viveiro foi considerada como maus-tratos. “Se observarmos, vamos perceber que há animais quase morrendo. A água para beber está completamente suja, o ambiente não possui as exigências mínimas de higiene e o local é úmido. E também tinha remédio dentro da água, um sinal claro de que os traficantes sabiam que existia ave doente”, detalhou o PM.
Segundo o soldado Fabrício de Moraes Cavalcante, que participou da operação, os acusados que foram detidos para a lavratura do TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) serão enquadrados na Lei Federal nº 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais. “A multa pode chegar a R$ 500,00 por animal apreendido e, caso fossem aves em extinção, o valor passaria para R$ 5 mil por pássaro. Entretanto, eles não ficarão presos porque o crime ainda é considerado de menor potencial ofensivo e a pena de detenção varia de 6 meses a 1 ano. Eles serão indiciados, mas responderão em liberdade”, explicou ele.
Dentre as espécies apreendidas, estão canário-da-terra, craúna, bico-de-ferro, bigode e papa-capim. As duas primeiras são consideradas aquelas que conseguem ser vendidas por melhor valor nas feiras livres: R$ 20,00 e 40,00 respectivamente.
“Essas aves eram vendidas, normalmente, nas feiras do Passarinho e do Tabuleiro. E para que as pessoas possam entender, um animal que é vendido no comércio ilegal por R$ 40,00, num criador autorizado pelo Ibama, pode chegar a R$ 200,00. Então, esses traficantes não fazem o trabalho da forma correta porque o investimento precisa ser alto e tem gente que não quer pagar tão caro por um pássaro. Por isso, eles não se preocupam em manter as condições mínimas de higiene e praticam maus-tratos com os bichos”, alertou o soldado Wilson Rodrigues Porciúncula Júnior.
Acusados
Na operação foram detidos Ismael Antônio da Silva, Benedito Mendes dos Santos e Cícera Severina da Conceição.
Os três negam a guarda dos pássaros e alegam não conhecer os tutores das aves. “Eu estava apenas tomando conta da casa porque a pessoa responsável tinha dado uma saidinha. Nem conheço quem mora aqui”, alegou Cícera.
Já Ismael e Benedito, que moram numa rua próxima a do Arame, afirmaram que os animais pertencem a um homem de comportamento ‘estranho’. “Nós estávamos na feira quando os policiais chegaram, detiveram-nos e nos trouxeram para cá. A única que sei que é que essa casa pertence a um senhor de jeito estranho. Não tenho nada a ver com isso”, defendeu-se Ismael, que foi detido quando estava com uma gaiola com vários pássaros silvestres na feira de Bebedouro.
Fonte: Gazeta Web