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SAÚDE

Banhos em excesso podem colaborar no desencadeamento da dermatite atópica em cães

16 de novembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Desencadeada pelo contato com substâncias que ocasionam alergia na pele, deixando a região vermelha e causando muita coceira, a dermatite atópica é uma das doenças de pele mais comuns entre os cães, atingindo cerca de 15%.

O médico-veterinário Bruno Divino, presidente da Comissão Nacional de Estabelecimentos e Práticas Clínicas Veterinárias do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), explica que a desordem cutânea alérgica, no entanto, não acontece entre filhotes.

Neste cenário, quando a coceira surge em animais até os oito meses, o quadro se trata, na verdade, de uma causa parasitária, ou seja, pulga ou carrapato.

“Assim como nos humanos, isso acontece porque o organismo precisa ter contato com substâncias que vão causar a alergia, para depois produzir anticorpos que vão desencadear o processo alérgico”, esclarece.

De caráter inflamatório, crônico e multifatorial – decorrente da perda da integridade da barreira epidérmica – surge quando a pele não apresenta uma camada protetora tão eficiente, o que permite que a poeira, o ácaro, pólen e, às vezes, até mesmo o contato com a grama, entrem em contato com uma parte mais profunda e desencadeie um processo de coceira.

“O que vai causar essa alergia é algo muito individual [variando de caso a caso]. Essa também é uma doença comum ao homem, nesse caso, estando relacionada a bronquite, coriza. Então, por exemplo, existem algumas pessoas que são alérgicas à fumaça de cigarro e que vão desencadear uma bronquite, e nos animais isso funciona da mesma forma. Existem múltiplas possibilidades de se desencadear aquele gatilho inicial do processo da dermatite”.

A dermatite atópica pode atingir qualquer cachorro, inclusive, gatos, no entanto, por ser uma enfermidade de origem genética, algumas raças são mais predispostas. Entre elas, estão: o poodle, sharpei, golden retriever, labrador, buldogue, shih-tzu, lhasa apso, pug e boxer.

Quais são os sinais?

Alguns animais têm o costume de se coçar todos os dias ao longo do ano, no entanto, um ou vários fatores irão estimular a coceira intensa, seja uma picada de pulga ou o contato com algum perfume ou desinfetante, por exemplo.

Segundo o especialista, inclusive, a quantidade de banhos em excesso pode colaborar para o desencadeamento da dermatite atópica: “O ideal é que em um animal saudável os banhos ocorram em um período de tempo mais espaçado possível, e em um cão atópico, então, quando o quadro estiver controlado. A indicação é de que não sejam dados, e ocorram apenas para tratamento com shampoo ou medicamentos”, revela.

Os sinais também podem ser percebidos com mais facilidade em dias mais secos, onde tem muita poeira. A pele fica ressecada e a pólen no ambiente, sendo que na maior parte dos casos, as regiões mais afetadas podem ser: face, olhos, axila, patas e as dobras do cotovelo.

“Já quando está no verão, se tem umidade alta ou não se tem floração, normalmente, eles tendem a se coçar menos”, relata Divino.

O quanto afeta a qualidade de vida?

A coceira afeta diretamente a qualidade de vida dos animais, já que pode fazer com que se cocem, até mesmo, 24 horas por dia, o que pode colaborar no surgimento de outras lesões que podem ser perigosas não apenas para o cão, mas também para o seu tutor, já que servirão como uma porta de entrada para infecções mais sérias.

Atualmente, uma cura para a dermatite atópica ainda não foi descoberta, o que faz com que seja necessário que o tutor entenda que uma solução definitiva não será encontrada, mas sim, que o quadro será controlado. Isso acontece com a redução da intensidade e período da coceira em 50%.

“Curar ou acabar com a dermatite atópica hoje ainda não é possível, existem tratamentos novos e promissores, que tem apresentado resultados muito interessantes, mas a erradicação da doença ainda não existe”, expõe.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico não é fácil, o processo é lento e trabalhoso. “É um diagnóstico de exclusão. A gente tem que excluir se não tem carrapato ou pulga, ou alergia de um deles ou ambos, assim como de algum componente da ração. Só depois obteremos a resposta. Não existe um exame específico que aponte essa resposta”.

De acordo com o médico-veterinário, a base do tratamento se dará em restabelecer a proteção da pele, com opções variando de caso a caso. “Existem desde shampoos até condicionadores e loções que irão colaborar na hidratação da pele e deixá-la mais espessa, mas existem também novos tratamentos para coceira, desde orais até mesmo anticorpos monoclonais injetáveis”.

Fonte: TV Cultura

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