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LÁTEX E CORDAS

Balões de previsão do tempo podem ser mortais para animais marinhos

21 de outubro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Durante o outono de 2023, um albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico juvenil foi encontrado deitado, apático, fraco e hipotérmico na Bacia de Santos. A causa era um balão meteorológico. A corda do balão, ainda presa a um transmissor de rádio, tinha perfurado a ave, fraturando ossos, matando tecidos e cortando a circulação para os seus pés.

A equipe do Projeto Albatross tentou salvar a ave, mas foi obrigada a recorrer à morte induzida. Como os albatrozes precisam de seus pés para remar e voar, ele não teria sobrevivido como amputado. “Foi uma tragédia. Foi horrível”, contou Daphne Goldberg, veterinária do projeto, à Hakai Magazine.

Goldberg é coautora de um estudo recente sobre o impacto dos detritos de balões meteorológicos sobre aves e outros animais marinhos. No mundo, centenas de milhares de balões meteorológicos são lançados na atmosfera todos os anos, e a maioria nunca é recuperada. Seus resíduos, uma mistura de látex, algodão e plásticos, permanecem nos ecossistemas marinhos por anos, e como apenas uma pequena porcentagem de animais mortos chega à costa, o impacto provavelmente é pior do que se imagina.

Desde a década de 1930, muitos países usam balões meteorológicos para coletar dados de alta altitude sobre temperatura, pressão e umidade do ar. Existem cerca de 1.300 estações que soltam balões, três vezes maiores do que uma bola de praia, para coletar dados para relatórios meteorológicos e alertas de tempestades. Presa ao fio de algodão do balão está uma radiossonda, uma caixa de poliestireno ou plástico rígido contendo sensores e um transmissor de rádio operado por bateria que envia dados meteorológicos para um receptor terrestre a cada segundo.

À medida que o balão sobe, ele se expande. Depois de viajar 35 quilômetros e seu volume aumentar 100 vezes, ele explode, jogando látex em todas as direções e liberando um pequeno paraquedas que flutua a radiossonda de volta à Terra. O problema do lixo dos balões apareceu pela primeira vez há uma década, quando pesquisadores australianos da Tangaroa Blue Foundation coletaram 2.460 pedaços ao redor da Grande Barreira de Corais. Eles estimaram que até 70% dos balões meteorológicos da Austrália acabam no oceano.

O grupo de pesquisadores de Goldberg testemunhou o impacto dos balões meteorológicos quando examinaram sete albatrozes encontrados na Bacia de Santos, todos com detritos emaranhados em seus pés, asas e pernas. Também no ano passado, outro grupo de pesquisadores publicou detalhes de duas tartarugas-de-kemp jovens mortas por causa de destroços de balões meteorológicos na Virgínia. Segundo o estudo, apesar de alguns dos materiais usados ​​nos balões, como látex e corda de algodão, serem considerados biodegradáveis, grande parte deles não se decompõe rapidamente.

Os pássaros encontrados no litoral brasileiro estavam emaranhados em equipamentos fabricados pela empresa finlandesa Vaisala, uma grande fabricante de produtos meteorológicos. A empresa se pronunciou dizendo que a corda agora é feita de fibra à base de celulose, que deve se decompor muito mais rápido do que as versões anteriores de algodão, e que a empresa oferece recipientes de radiossonda feitos de materiais naturais e amido, além dos convencionais.

Mesmo custando de 20 a 30% mais, as agências meteorológicas estão começando a trocar os materiais dos seus instrumentos para reduzir o impacto sobre os animais. A Agência de Meteorologia da Austrália testou os protótipos de balões mais sustentáveis ​​da Vaisala e trocou os balões brancos por azuis, que os animais marinhos podem ter menos probabilidade de confundir com comida. O Met Office do Reino Unido planeja testar os novos balões da Vaisala em 2025. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos vem experimentando um balão que pode permanecer no ar por até 16 dias em vez de apenas algumas horas e também anunciou que testaria dois drones diferentes para coletar dados meteorológicos, ambos recuperáveis.

Fonte: Um Só Planeta

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