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Baleias-jubarte chegam magras e solitárias ao litoral de São Paulo

14 de fevereiro de 2022
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Baleia jubarte com filho em Ilhabela (Foto: Divulgação/VIVA Instituto Verde Azul)

Entre abril e outubro as baleias-jubarte, vindas da Antártica, costumam chegar ao Litoral Norte de São Paulo. De acordo com o projeto Viva Instituto Verde Azul, em 2021 foram avistadas 264 no trecho entre Ilhabela e São Sebastião.

Ainda de acordo com o projeto, que realiza um monitoramento a partir de um ponto fixo, o número mostra uma alta com relação aos anos anteriores. Mas o que chamou a atenção dos pesquisadores é o perfil dos animais avistados nesse último ano: solitários, jovens e magros.

O instituto mostra ainda que, em 2021, foi avistada somente uma fêmea com filhote. No ano anterior foram avistadas 107 jubartes, sendo quatro fêmeas com filhotes. Além disso, em 2020 foram avistados mais duplas e trios de jubartes. Em 2019, quando teve início esse monitoramento pelo instituto, foram avistadas 265 jubartes, mas elas também estavam mais em grupos.

A bióloga Marina Leite Marques, que faz parte do instituto, disse ao G1 que não há uma resposta definitiva sobre a mudança de perfil das baleias que passam pela região, mas ela aponta algumas hipóteses.

“Eles se alimentam na Antártica. Talvez tenha tido pouco alimento por lá, alimentaram-se mal e vieram para cá, mais próximo da costa, buscando alimento. Em alguns animais foi diagnosticado comportamento de quem está com fome”, conta.

No verão, elas costumam se alimentar na Antártica. Em março, começam a se deslocar para as águas mais tropicais. Porém, o fato de elas estarem chegando à costa brasileira mais magras, indica que pode estar faltando alimento na Antártica. O krill, que é parecido com um camarão, é a principal fonte de alimentação das jubartes.

“A falta de krill é uma possibilidade de estarem mais magros e vindo para cá em busca de comida. A falta de krill pode ser pela mudança climática, a sobrepesca do krill, que é muito utilizado na culinária japonesa. Tudo são hipóteses. Mas, independente disso, elas fazem esse processo migratório e os animais estão vindo mais fracos”, comentou a bióloga.

As interações com o ambiente humano também podem interferir na situação. “Além disso, quanto mais próximo da costa, mais interação humana vai ter. Muitos ficam presos em redes de pesca, há as embarcações de recreios, fluxo de navios, e pode haver impactos sonoros que fazem os animais ficarem perdidos dos demais. São pontos negativos para essas baleias jovens, que às vezes não têm tanta experiência”, afirmou.

O número de baleias-jubarte vem crescendo nas últimas décadas após a proibição da caça do animal. A bióloga do projeto destaca que na década de 1980, quando a caça foi proibida, havia cerca de mil baleias-jubarte nos mares.

Atualmente, são quase 30 mil. Esse crescimento também colabora para que mais baleias sejam avistadas. Desde 2014, as jubartes saíram da lista de animais em extinção.

Encalhes
Algo que também chama atenção dos biólogos e pesquisadores é o número de encalhes na costa brasileira. Segundo dados do Instituto Baleia-Jubarte, foram 230 encalhes na costa brasileira em 2021. Um número recorde desde 2002, quando começou a ser feito esse levantamento. Até então, o maior número havia sido em 2017, com 131.

De toda a costa brasileira, os três primeiros em numero de encalhes são Santa Catarina (65), São Paulo (58) e Rio Janeiro (37). Neste levantamento, todas as baleias que encalharam morreram.
No Litoral Norte de São Paulo também houve registros de mortes de jubartes em 2021. De acordo com o Instituto Argonauta, que faz esse levantamento, em agosto do ano passado o número de mortes já era o dobro de 2020. Em 2021, dez jubartes haviam falecido na região entre maio e agosto, contra quatro no ano anterior.

A falta de alimento na Antártica, que faz com o que os animais cheguem com menos reserva, também era uma hipótese apontada pelo instituto para esse aumento no número de encalhe. Além disso, há a interação humana, como as redes de pesca no mar e os lixos no mar.

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