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PERTURBAÇÃO

Baleias desenvolvem anorexia em razão do medo e estresse causado pela ação humana

21 de dezembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Pinngortitaleriffik | Carsten Egevang

Durante muito tempo o Mar Ártico ficou intocado, porém com as mudanças climáticas se intensificando cada vez mais e com o aumento da atividade humana, baleias e outros animais vêm sofrendo com ruídos que afetam todo o funcionamento do ecossistema marinho da região. As baleias narvais, que vivem abaixo das placas de gelo, são os cetáceos que mais sofrem com essas alterações no Ártico.

Um estudo realizado pela Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, ajudou o Instituto de Recursos Naturais da Groenlândia (Pinngortitaleriffik) a entender melhor como esses barulhos estão afetando a rotina desses animais acostumados a viverem sem perturbações.

Pesquisadores chegaram à conclusão de que, apesar de os barulhos não serem tão altos ao ouvido humano, esses ruídos gerados conseguem perturbar e causar estresse nesses mamíferos mesmo a quilômetros de distância. O estudo aponta que, além de provocar irritação as baleias não conseguem se alimentar direito e ficam em posição de defesa, como se fossem ser atacadas.

Foto: Ilustração | Pixabay

“As reações dos narvais indicam que estão assustadas e estressadas. Elas param de emitir os sons de clique que precisam se alimentar, param de mergulhar fundo e nadam perto da costa, um comportamento que normalmente só apresentam quando se sentem ameaçados por baleias-assassinas. Esse comportamento significa que não têm chance de encontrar comida enquanto o ruído persistir”, diz o biólogo Outi Tervo.

Além de não se alimentarem e sofrerem com os ruídos, os cientistas apontaram que os narvais tentam se proteger de supostas situações de ameaça emitindo mais impulsos do que o normal e gastando muito mais energia em uma atividade simples, criando um desgaste no momento em que elas precisam caçar. Esses cetáceos precisam descer até áreas mais profundas dos oceanos para conseguir alimento e sobem até a superfície para respirar e retomar a caça, se elas estiverem exaustas, possivelmente não conseguirão capturar suas presas.

Esses animais não estão acostumados a conviverem com ruídos externos e muito menos com a presença humana. Eles passam grande parte do tempo no escuro e caçam a uma profundidade de até 1.800 metros abaixo do nível do mar. Quando estão nas profundezas, elas se guiam através de ondas sonoras e por isso é tão prejudicial esses barulhos externos, que prejudicam a rotina de caça e sobrevivência da espécie.

“Nossos dados mostram que os narvais reagem ao som a 30 quilômetros de uma fonte de ruído, interrompendo completamente seus cliques. E, em um caso, poderíamos medir isso de uma fonte a 40 quilômetros de distância. É bastante surpreendente que possamos medir como algo tão distante pode influenciar o comportamento das baleias”, conta Susanne Ditlevsen, professora do Departamento de Ciências Matemáticas da Universidade de Copenhagen.

Com o trabalho, os pesquisadores esperam alertar as autoridades locais para a criação de medidas que visem diminuir essas interferências, limitando ou até extinguindo essas atividades que geram poluição sonora no habitat dos narvais.

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