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POLUIÇÃO

Baleias confundem lixo plástico com alimento devido às ondas sonoras semelhantes, diz estudo

De acordo com os pesquisadores, todos os tipos de plástico testados igualaram ou excederam o barulho das presas das baleias

27 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Gabriel Barathieu | Wikimedia Commons

Nas profundezas do oceano, onde não tem luz, as baleias dependem fortemente do som para caçar. Mas novos estudos sugerem que as elas podem estar confundindo resíduos plásticos com suas presas, levando-as a consumir lixo.

O estudo, liderado pelo estudante de pós-graduação da Universidade Duke (EUA), Greg Merrill, revelou que itens plásticos como balões e sacolas de compras emitem assinaturas sonoras que se assemelham aos ecos das presas das baleias, como lulas. “Essas assinaturas acústicas são semelhantes, e isso pode ser uma razão pela qual esses animais são levados a consumir plástico em vez de, ou além de, suas presas”, explicou Merrill, cujas descobertas foram publicadas no Marine Pollution Bulletin.

A pesquisa destaca que todos os tipos de plástico testados igualaram ou excederam o barulho das presas das baleias, aumentando o problema da poluição plástica no oceano.

Baleias como os cachalotes e os cachalotes-pigmeus caçam emitindo cliques e zumbidos que são projetados na água. À medida que os sons ricocheteiam nos objetos, eles retornam às estruturas sensíveis da mandíbula das baleias, enviando sinais para seus cérebros para identificar possíveis fontes de alimento.

Essa técnica de ecolocalização tem servido bem a esses mamíferos marinhos por milhões de anos. No entanto, com a crescente presença de plástico no oceano, esse método de caça está sendo interrompido.

O estudo adotou uma abordagem prática, coletando detritos plásticos como sacolas e balões nas praias da Carolina do Norte para testar suas assinaturas acústicas. Esses itens, frequentemente encontrados nos estômagos de baleias encalhadas, foram submersos em água e testados usando frequências de sonar que imitam os cliques de ecolocalização de várias espécies.

Os pesquisadores descobriram que fragmentos de plástico, especialmente filmes, se assemelham aos ecos de presas reais, como lulas. “Existem centenas de tipos de plástico, e as várias propriedades materiais, incluindo a composição química dos polímeros, aditivos, forma, tamanho, idade/intempéries e grau de incrustação, provavelmente desempenham um papel nas respostas específicas de frequência observadas”, observaram os pesquisadores.

Embora as descobertas levantem preocupações sobre como as baleias identificam o alimento, Merrill apontou que mudar os plásticos para torná-los “invisíveis” ao sonar pode não ser uma solução viável. “Se redes de pesca e linhas de pesca são invisíveis, essas são coisas com as quais as baleias também se enroscam. Então, não queremos que elas não possam identificar essas coisas”, acrescentou.

A pesquisa de Merrill foi realizada em colaboração com cientistas de laboratórios marinhos da NOAA, da NC State University e da Universidade da Carolina do Norte-Chapel Hill.

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