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FUTURO INCERTO

Baleias-cinzentas estão diminuindo de tamanho em ritmo acelerado à medida que alterações climáticas avançam

13 de junho de 2024
3 min. de leitura
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Foto: ALFREDO ESTRELA / AFP

As baleias-cinzentas ao largo da costa do Pacífico diminuíram de tamanho em 13% desde 2000, de acordo com um estudo que acrescenta provas de como as mudanças climáticas e outros impactos da atividade humana estão tornando os mamíferos marinhos cada vez mais pequenos. A redução do tamanho pode ter consequências graves nas taxas de sobrevivência e reprodução e desencadear um efeito dominó em toda a sua cadeia alimentar.

Para o estudo, os investigadores concentraram-se em cerca de 200 baleias do grupo PCFC (Pacific Coast Feeding Group), que fazem parte de uma população maior de 14.500 no nordeste do Pacífico.

Consideradas “sentinelas do ecossistema”, essas baleias ficam próximas à costa e se alimentam em águas quentes, mais rasas que os mares frios do Ártico. Pesquisas anteriores já mostraram que as baleias costeiras estão em piores condições do que outras e os seus corpos, cabeças e caudas são menores.

“Sabemos agora que o tamanho do seu corpo tem diminuído nos últimos 20-40 anos, o que pode ser um sinal precoce de que a população corre o risco de diminuir”, disse à AFP Kevin Bierlich, professor assistente da Universidade do Estado de Oregon e coautor do artigo publicado na Global Change Biology.

Analisando imagens de drones de 130 indivíduos capturados entre 2016 e 2022, os cientistas descobriram uma tendência preocupante: uma baleia-cinzenta adulta nascida em 2020 será provavelmente 1,65 metros mais baixa do que as suas congêneres nascidas em 2000. Isto representa uma redução significativa de 13% no comprimento das baleias-cinzentas adultas, que normalmente medem entre 11,6 e 12,5 metros.

O declínio foi mais pronunciado nas fêmeas, que historicamente superavam os machos, mas agora recuperaram.

Em medições humanas, seria como se as mulheres americanas reduzissem a sua altura média de 1,70m para 1,60m em duas décadas.

“Em geral, o tamanho é crítico para os animais”, diz Enrico Pirotta, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de St. Andrews, na Escócia. “Isso afeta seu comportamento, sua fisiologia, sua história de vida e tem repercussões para os animais e para a comunidade da qual fazem parte”.

Os filhotes menores podem ter taxas de sobrevivência mais baixas quando param de amamentar, enquanto que para os adultos a principal preocupação é o sucesso reprodutivo.

Durante a época de alimentação, esta espécie armazena energia para os períodos de migração e reprodução no inverno, e surge a questão de saber se estão a ser capazes de dedicar energia suficiente à reprodução e sustentação do crescimento populacional.

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Uma informação importante do estudo é que descobriu que esta tendência está correlacionada com mudanças no equilíbrio de ciclos oceânicos importantes. Durante a ressurgência, as águas oceânicas profundas e ricas em nutrientes movem-se para áreas mais rasas, onde a luz permite a proliferação de plâncton e outras espécies que alimentam as baleias.

Já se sabe que as alterações climáticas são um fator importante que afeta esta delicada dinâmica, pelas alterações que provocam nos ventos e na temperatura da água. A menor estatura pode afetar não só a capacidade de prosperidade das baleias, mas também deixá-las mais vulneráveis ​​a colidir com navios ou a ficarem enredadas em redes de pesca, entre outras ameaças potencialmente mortais.

Fonte: O Globo

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