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ILHABELA (SP)

Baleia-jubarte reaparece 25 anos depois de ser vista pela 1ª vez no litoral brasileiro

20 de outubro de 2023
4 min. de leitura
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Foto: Frank Santos/Projeto Baleia à Vista

Cerca de 25 anos após fazer a primeira aparição no litoral brasileiro, pesquisadores flagraram uma baleia-jubarte revisitando nosso mar pela segunda vez. A baleia foi vista pela 1ª vez em setembro de 1998 no Parque Nacional Marinhos dos Abrolhos, no sul da Bahia, e reapareceu em junho deste ano em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, após ser foto-identificada.

A foto-identificação ocorre através das fotos da cauda das jubartes, feitas durante cruzeiros de pesquisas e turismo. O registro é comparado com outros catálogos no mundo e os pesquisadores conseguem colher informações sobre o tamanho populacional, distribuição, migrações e fidelidade às áreas de alimentação e reprodução da espécie.

De acordo com o pesquisador Milton Marcondes, do Instituto Baleia Jubarte, o animal foi reconhecido por meio da foto-identificação da cauda, que funciona como uma espécie de digital das baleias. A descoberta da visita ocorreu esta semana.

“A parte de baixo da cauda da jubarte tem um padrão colorido, com manchas pretas e brancas, com várias marcas, vários riscos e a borda da cauda da baleia jubarte é serrilhada. Os serrilhados e as manchas são únicas para cada indivíduo, a gente compara com a nossa impressão digital”, afirmou.

Por meio de fotos da cauda da baleia feitas por pesquisadores, que atuam com o monitoramento e preservação da espécie, um programa de inteligência artificial conseguiu comparar imagens da 1ª e da 2ª passagem da baleia, confirmando que o animal retornou ao mar brasileiro após 25 anos.

“É um programa de inteligência artificial que reconhece padrões de manchas e serrilhados, com 98% de precisão. Tem um acervo com fotos de baleias do mundo todo, de pesquisadores que enviam e de pessoas comuns que também registram os saltos das baleias”, explicou.

“Antes, a gente fazia a comparação manual, levava meses, a gente acabava se enganando e o programa agiliza a comparação. Qualquer pessoa que fotografar uma baleia pode colocar no sistema para saber a origem, por onde já passou”, contou.

Sobre a baleia que reapareceu, o pesquisador Milton disse que não possui muitas informações, por não ter um histórico maior, mas a estimativa é que a baleia já tenha mais de 30 anos.

Foto: Divulgação

Ainda segundo ele, as jubartes são animais migratórios e anualmente percorrem enormes distâncias entre áreas de alimentação e reprodução, por isso é improvável que ela tenha ficado somente no mar brasileiro durante esses anos.

Para Milton, o retorno da baleia é significativo para a ciência e motivo de comemoração.

“É um sinal bom, porque indica que a baleia já chegou na vida adulta, já contribuiu com a reprodução, com crescimento da espécie. Ver animais em idade maior, mostra que as ações de conservação estão dando certo”, disse.

“Ter animais mais velhos, significa que as ações de proteção estão dando certo, que estamos permitindo que as baleias cheguem ao potencial de vida natural, coisa que não tinha antes com a caça. Mostra que as populações de jubarte estão indo bem”, completou.

Ainda segundo o pesquisador, é importante que toda a população contribua com a preservação da espécie e que quando fotografar, passe os registros para o programa online ou para alguma instituição voltadas para o estudos das baleias.

“Isso das pessoas comuns participarem é a ciência cidadã, multiplica nosso esforço de trabalho em campo, fotografando. Turistas gostam de fazer fotos e isso aumenta as chances de ter avistagem. Isso nos ajuda a monitorar as espécies, fazer histórico das fêmeas, ajuda a conservar”, finalizou.

Foto: Júlio Cardoso/Projeto Baleia a Vista

Veja dicas para observação de baleias de forma segura. De forma geral, as principais regras são:

– manter a rota de navegação da baleia livre
– estar sempre do lado delas, nunca atrás ou à frente
– velocidade máxima de cinco nós para os barcos
– distância mínima de 100 metros para os barcos
– deixar o motor em neutro e não desligado
– são permitidos até dois barcos simultaneamente
– o tempo máximo permitido com a baleia é de 30 minutos
– cuidado para não provocar encalhes
– não separar os animais do grupo
– evitar ruídos altos
– não jogar qualquer tipo de objeto na água
– não mergulhar

Fonte: G1

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