O corpo técnico envolvido no caso da baleia-franca que encalhou no dia 7 de setembro na praia de Itapirubá Sul, em Laguna (SC), declarou na madrugada desta terça-feira (14) o óbito do mamífero, após o segundo procedimento de eutanásia, de acordo com o Projeto Baleia Franca (PBF). A baleia havia resistido aos medicamentos aplicados por volta das 20h de sexta-feira, quando ocorreu a primeira tentativa de eutanásia.
Desde quinta-feira, a baleia se encontrava em estado de choque e apresentava baixa frequência respiratória e poucos reflexos nas pálpebras do olho direito. A maré estava seca, o que possibilitou a aplicação dos medicamentos.”Este era o último recurso que tínhamos para abreviar a situação. Embora a morte corresponda a uma ocorrência natural no âmbito do ciclo de vida dos animais, foi angustiante para todos nós, principalmente por se tratar de uma espécie ameaçada, porém que se encontra em recuperação populacional”, afirmou Karina Groch, doutora em Biologia Animal que trabalha há 16 anos com a espécie e é diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca. Ela disse que o material coletado durante a necropsia será utilizado para posteriores pesquisas a respeito das baleias-francas.
De acordo com a médica veterinária e doutora em Patologia Animal pela USP, Cristiane Koslenikovas, as informações sobre os tipos de medicamentos e as dosagens utilizadas no procedimento serão publicadas posteriormente em revistas científicas especializadas. Ainda segundo a especialista, a coleta de órgãos para análise começa a partir desta terça-feira. Conforme explicação da chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, Maria Elizabeth Carvalho da Rocha, após a conclusão da necropsia, a carcaça será enterrada na mesma região onde ocorreu o encalhe.
A coordenação das operações é integrada pela APA da Baleia Franca, Centro Mamíferos Aquáticos, Projeto Baleia Franca, R3 Animal e Unesc. Entre as instituições apoiadoras estão o Porto de Imbituba, Udesc, Laboratório Mamíferos Aquáticos (Lamaq) da UFSC, Capitania dos Portos de Laguna, Polícias Militar e Ambiental, Corpo de Bombeiros, Prefeitura de Imbituba, Prefeitura de Laguna, Adventure Turismo, Reloc, Arivale/Copagro, Casa das Baterias, Instituto Baleia Franca e Base Cangulo/AGTA.
Falham tentativas de retirada do corpo da baleia
Os trabalhos para retirar do mar a carcaça da baleia foram iniciados ainda no começo desta terça-feira. Até o final da manhã, todas as tentativas de remoção do animal morto falharam.
A retirada da baleia do mar é dificultada pelo formato do corpo do animal, que prejudica a fixação de fitas ou cabos de aço, e as condições do terreno.
A situação comprovaria a dificuldade anunciada pela Marinha, dias antes, da possibilidade do resgate da baleia com vida. Na ocasião, os especialistas não encontraram formas de levá-la de volta para alto-mar sem piorar, ainda mais, suas condições de saúde. O uso de cabos de aço e a tração iriam provocar ferimentos no corpo do cetáceo.
A tarefa também envolveria alto risco às embarcações usadas na ação, que acabou descartada.
Pelo menos quatro máquinas retroescavadeiras estão no local. Às 10h, duas eram operadas dentro do mar, na tentativa de empurrar o corpo da baleia para a praia. Ao mesmo tempo, outros dois equipamentos com forte poder de tração puxavam o animal para a faixa de areia com o emprego de cabos de aço.
Até as 10h40min, máquinas empregadas para tentar puxar o animal para fora da água — para numa área da faixa de areia escolhida como local para a retirada de partes da baleia para análise e depois, o enterro da carcaça — não conseguiam mover o corpo da baleia.
Desde cedo, equipes da prefeitura e militares do Exército e da Marinha estão na região para ajudarem no serviço. Uma base operacional chegou a ser montada na praia.
Com informações do Diário Catarinense e do Terra