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ESPÉCIE FRANCA

Baleia em perigo de extinção terá acompanhamento em tempo real por satélite em Santa Catarina

10 de outubro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: ProFranca/Divulgação

A conservação da baleia-franca, em perigo de extinção no Brasil, vai ganhar um reforço com ajuda da tecnologia. Pela primeira vez, elas estão sendo monitoradas em tempo real, via satélite.

A ideia é entender melhor o ciclo migratório da espécie, de nome científico Eubalaena australis, e ajudar na conservação deste mamífero.

“Existem provavelmente três grupos de baleias que vêm em diferentes anos aqui para o nosso litoral. E é importante a gente entender como são os padrões de migração de todos esses grupos ao longo de vários anos”, explicou a diretora de pesquisa do Projeto ProFranca, Karina Groch.

Por isso, pesquisadores do projeto ProFranca, do Instituto Aqualie e do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul colocaram transmissores em oito baleias que estavam em Imbituba, no Sul de Santa Catarina.

O local é conhecido como um berçário natural da espécie. Esta é a primeira vez que um trabalho como esse é feito no Brasil.

“Esse tipo de transmissor tem a possibilidade de ficar vários meses transmitindo informação sobre os movimentos das baleias aqui no litoral catarinense. Até o momento em que elas começam a migrar para as áreas de alimentação, permitindo a gente acompanhar e desvendar pela primeira vez a rota migratória das baleias-francas, saindo aqui do nosso litoral até as áreas de alimentação”, completou Groch.

Há 15 anos, o biólogo Federico Sucunza tem essa missão de aplicar os transmissores em diferentes espécies de baleias.

“Já viajei quase todo o mundo colocando transmissores satelitais em várias populações, em várias baleias, de todos os oceanos. E aqui a gente tem esse projeto em rede que envolve África do Sul, Malvinas e Argentina”, explicou Sucunza.

É através de uma espécie de arpão, com ar comprimido, que o transmissor é lançado. Apesar de o processo não oferecer risco às baleias, elas podem reagir ao disparo, e causar um acidente pela proximidade com o barco.

O transmissor fica aparente no dorso do animal. Toda vez que a baleia for à superfície para respirar, o dispositivo vai emitir um sinal para os satélites, com a localização, em tempo real, de onde ela está.

Estudo

O objetivo dessa pesquisa é identificar o caminho feito pelas baleias-francas nesse trajeto entre a Antártica e Imbituba, onde elas vêm ter os filhotes. Com isso, os estudiosos pretendem proteger esse corredor e preservar a espécie.

“Hoje em dia, a maior ameaça para a conservação das baleias a nível mundial é a colisão com embarcações. Como a gente sabe que ela vai utilizar esses corredores em períodos específicos, a gente pode fazer proposições, tanto de velocidade quanto de evitar essas rotas para minimizar o impacto”, explicou o biólogo.

Os pesquisadores também pretendem descobrir onde essas baleias se alimentam antes e depois de migrarem para Imbituba.

“Para poder realmente avaliar se o impacto que está acontecendo nessas áreas de alimentação está repercutindo na reprodução das baleias aqui”. disse o gerente de pesquisa do Projeto ProFranca, Eduardo Renault.

A expectativa é que os transmissores emitam o sinal por um ano. Com isso os pesquisadores vão conseguir monitorar todo o ciclo migratório dessas baleias.

Dependendo dos resultados, mais transmissores podem ser aplicados na próxima temporada migratória.

“É um passinho inicial que, na verdade, é um passo gigante para a conservação da espécie (cola). É um sentimento que a gente não consegue nem descrever”, resumiu Renault.

Fonte: G1

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