Medindo cerca de 15 metros e pesando até 40 toneladas, a baleia-de-Bryde (Balaenoptera edeni) é a única espécie de baleia que vive exclusivamente em regiões temperadas e tropicais do planeta e, diferentemente das outras, não realiza migrações para regiões polares.
Um indivíduo da espécie foi flagrada enquanto se alimentava de um cardume perto da Praia Brava, em Búzios (RJ), na Região dos Lagos. Nas imagens é possível ver o cetáceo agrupando um cardume para, em seguida, abocanhar dezenas de peixes.
A filmagem foi feita pelo oceanógrafo José Lailson, coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Biondicadores (Maqua) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no dia 20 de julho. No Brasil, a maior parte dos registros ocorre no litoral Sul e Sudeste.
Uma característica física que facilita a identificação da espécie é a presença uma quilha central proeminente e duas quilhas laterais na região da cabeça – protuberâncias que vão do orifício respiratório em direção à frente da cabeça do animal. Por outro lado, a espécie pode produzir um tipo de borrifo (jato d’água) pouco visível, o que às vezes dificulta sua localização.
Geralmente, são vistas sozinhas ou em pares, mas se agregam em grupos de até 20 animais, nas regiões onde se alimentam. São capazes de nadar a velocidades de até 25 km/h, e podem mergulhar a cerca de 300 metros de profundidade.
Outra informação importante é que elas nunca foram caçadas tão intensamente quanto espécies maiores. Foram menos de 8 mil mortas no Hemisfério Sul, no século passado, em comparação a mortes de baleias fin (720 mil), azuis (400 mil) e cachalotes (360 mil), no mesmo período.
De acordo com a diretora de pesquisa do Projeto Profranca/Instituto Australis Karina Groch, a baleia-de-Bryde é uma das poucas espécies de baleias que não é considerada ameaçada de extinção. No entanto, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) ainda considera que há dados insuficientes sobre ela para uma avaliação mais precisa.
“Não apresentam um período reprodutivo específico, os filhotes podem nascer ao longo de todo o ano. Elas têm um filhote a cada 2 anos, em média”, informa Karina.
Alimentação e ressurgência
José explica que é mais comum observar baleias-de-Bryde buscando alimento em regiões costeiras durante a primavera e o verão, sendo raramente vistas no inverno. Suas migrações se restringem a nadar entre oceano e costa, evitando grandes deslocamentos latitudinais.
“Elas se alimentam mais de sardinhas, manjubas e outros peixes formadores de cardume. Ocorrem na costa brasileira toda, mas principalmente no Sudeste”, comenta.
Essa preferência pela costa carioca, mais especificamente a região de Cabo Frio (RJ), tem uma razão de existir. Trata-se de um local onde o continente se projeta em direção ao oceano, e com isso, as águas oceânicas estão mais próximas da costa.
Além disso, nesta área, ocorre o fenômeno da ressurgência, no qual águas mais profundas, mais frias e ricas em nutrientes emergem até a superfície. Isso propicia que inúmeros organismos da base da cadeia trófica fiquem à disposição para outros animais.
“As baleias-de-Bryde gostam de se aproximar daquela região porque vindo da zona oceânica ‘elas chegam mais rápido’, já que é mais próximo, e também por ser uma área rica em nutrientes que favorece a concentração de peixes que ela come”, finaliza o oceanógrafo.
Fonte: G1