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Baleia-anã é encontrada na costa do Algarve, em Portugal

8 de fevereiro de 2010
3 min. de leitura
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Uma baleia-anã com cerca de cinco metros de comprimento apareceu hoje (7) na costa de Tavira, na Praia do Barril, em Portugal. O animal foi encontrado já sem vida por um jornalista do Expresso que passeava no local.

J. F. Palma-Ferreira
Foto: J. F. Palma-Ferreira

Contatado pelo Expresso, o Comandante do Porto de Tavira, Sameiro Matias, adiantou que o animal acabou por ser localizado pela Polícia Marítima ao cair da noite e que já se encontrava já em estado avançado de decomposição, não permitindo a identificação imediata da espécie.

“Habitualmente, quando os animais não estão vivos, como é o caso, o que nós fazemos é tirar uma fotografia e os dados biométricos, para depois ceder a instituições como o Zoomarine, o Ocenário e o Aquário Vasco da Gama, para que possam ter registros e estudá-los, se o pretenderem”, afirma. “Devido ao peso, que rondará os 500 ou 600 quilos, só amanhã será possível removê-lo, com a ajuda de maquinaria mais pesada”, acrescenta o responsável.

Instado a observar as fotografias do Expresso, Élio Vicente, biólogo responsável pelo departamento de Ambiente do Zoomarine, explica que se trata de uma baleia-anã, provavelmente uma cria, uma vez que os espécimes adultos rondam os 7 metros, no caso dos machos, e os 8 no caso das fêmeas. “É um caso relativamente normal, porque esta espécie alimenta-se frequentemente junto à costa e nada muito à superfície, pelo que é facilmente abalroada por barcos de grandes calados”, explica.

O biólogo acrescenta que este tipo de ocorrência é mais frequente durante o inverno, altura em que os animais estão mais expostos às intempéries e têm maior dificuldade em sobreviver: “As condições climáticas são mais duras, há pneumonias e outros problemas de saúde”, esclarece.

Élio Vicente, que pertence à Rede Nacional de Emergência de Animais Arrojados – o Zoomarine é frequentemente contactado para salvar animais vivos que dão à costa, em articulação com a Marinha ou Polícia Marítima – adianta ainda que, tal como com os humanos, e apesar de o meio em que vivem ser diferente, as estações com clima mais rigoroso influenciam em muito a mortalidade nas espécies. Algumas acabam por dar à costa já sem vida: “Temos muitos golfinhos-comuns, golfinhos riscados e golfinhos-roaz, mas isso não quer dizer que em termos estatísticos estas sejam as espécies mais vulneráveis, porque os dados não são muito fiáveis, uma vez que não existe uma rede nacional para a recolha de informação, de forma sistemática”, constata.

No entanto, em casos em que os animais dão à costa ainda vivos, Élio Vicente realça que as boas práticas e o contato pronto com as equipas de resgate são decisivos: “É como num qualquer acidente com os humanos, a qualidade dos primeiros socorros é fundamental, mas por vezes aquilo que não se faz pode ser tão importante como o que se faz”, avisa. Isto porque, por vezes, ao tentarem ajudar, as pessoas não preparadas podem colocar em risco a vida dos animais e até a sua própria integridade física.

“Trata-se de animais selvagens, que nunca viram um ser humano, estão em stress e têm dores. Os humanos representam uma ameaça e por isso as pessoas não devem interagir com os animais, como fazer-lhes festinhas ou dar-lhes beijinhos”, recomenda.

Para além do perigo de ataque, existe ainda o risco de contaminação bacteriológica ou por vírus, uma vez que na maioria dos casos, os animais arrojados (que dão à costa) são portadores de doença.

No caso de encontrar um animal vivo que surgiu na costa, deve ligar-se o número de emergência 96 8849101, da Rede Nacional de Animais Arrojados, ou contatar directamente as autoridades marítimas locais.

A baleia-anã não é uma espécie ameaçada, em termos de conservação, mas encontra-se protegida pela moratória internacional que proíbe a captura a todas as espécies da família dos balenopterídeos.

Fonte: Expresso

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