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Aves são alimentadas excessivamente para serem mortas na indústria de foie gras

11 de outubro de 2013
5 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Reprodução
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É um eufemismo dizer que a “gavagem”, procedimento no qual se insere um tubo de metal na garganta de um animal para alimentá-lo em excesso e forçosamente, é cruel. A prática assustadora lembra um antigo método de tortura persa de pena de morte chamado “scaphism”, que envolve a colocação de um prisioneiro em um recipiente fechado, forçando-o a consumir leite e mel até induzir diarreia. Mas são os animais que recebem essa “pena de morte” sem sentido em nossos dias há muito tempo.  Isso é praticado largamente pelo mundo, como se sabe, para engordar patos e gansos na indústria do foie gras (patê de fígado de ganso), alimento considerado iguaria.

Conforme artigo recente de Deena Shanker publicado no Grist, a alimentação forçada aos pássaros para produção de foie gras também leva os animais a numerosos problemas de saúde, como é de se esperar quando os seus fígados estão oito vezes maiores que o normal.  Pesquisas mostraram que esses patos e gansos que são forçados a ingerir comida em excesso apresentaram problemas respiratórios, distúrbios intestinais e várias formas de uma doença do fígado chamada esteatose hepática. As informações são da Care2.

Foto: Reprodução
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Segundo a matéria do Care2, a prática da alimentação forçada difere pouco daquelas em que excessivas quantidades de antibióticos são dadas a outras espécies para que cresçam mais e mais rápido com o intuito de servir à alimentação humana.

Os efeitos adversos da alimentação forçada aos patos foram a base de uma ação movida pela Animal Legal Defense Fund (ALDF) contra a empresa Hudson Valley Foie Gras (HVFG), que emitiu publicidade informando que o foie gras era “humano” e “livre de crueldade”. Em agosto deste ano, a ALDF ganhou a ação em que acusava a empresa de propaganda enganosa.

Recentemente a HVFG convidou veterinários da Hudson Valley para visitar as suas instalações. Shanker estava presente, pois seu pai é Presidente da Sociedade Veterinária de Hudson Valley. Um gerente de operações da empresa disse a ela que qualquer visitante “imparcial” seria bem-vindo, exceto “afiliados do PETA”.

Na visita, Shanker diz ter visto as instalações onde cerca de 4 mil patos eram confinados até que completassem 11 a 13 semanas de vida, quando começava o processo de alimentação forçada. As aves pareciam estar saudáveis e não havia aves mortas entre elas.

Mas os últimos dias desses patos não eram nada dignos. Em suas últimas três semanas de vida, eles eram mantidos em gaiolas de arame com outras dez aves, como Shanker descreve:

Foto: Reprodução
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“Funcionários apalpavam a garganta da ave para se certificar de que ela tinha digerido a última refeição. Se não tivesse, ele marcava a cabeça do animal e passava para o próximo. Duas refeições saltadas significam que a ave está pronta para morrer. Se a ave digeriu a refeição e está pronta para a próxima, o funcionário insere o tubo de metal na garganta dela, despejando uma quantidade determinada de alimento pelo funil, antes de retirá-lo. Os pobres pássaros conhecem o funcionário e não relutam diante do procedimento, razão pela qual eu vi somente um parecendo resistir a ser pego e alimentado”.

Como resultado da comida empurrada gargantas abaixo, os pássaros ficam muito gordos. Shanker observa que a maioria respira com dificuldade.

As opiniões quanto à extensão da dor causada aos pássaros pela alimentação forçada são diversas. Veterinários que testemunham a favor da ALDF discordam totalmente de Lawrence W. Bartholf, o veterinário que dá suporte à HVFG. De acordo com Bartholf, uma vez que os patos não são capazes de armazenar alimento na superfície de suas gargantas, seus fígados evoluíram para guardar gordura extra e por isso lidam tranquilamente com a alimentação à força.

Apoiadores da ALDF dizem que a HVFG e outros produtores de foie gras estão tentando levar vantagem ao mencionar que a anatomia natural dos patos permite alimentá-los exageradamente. Citando Fern Van Sant, um veterinário e especialista em aves que fundou o hospital veterinário For The Birds, Shanker nota que pássaros são criaturas estoicas e não são capazes de suportar altas doses de dor, nem expressam sofrimento de maneira óbvia. Ela comenta que o fato de humanos pensarem que as aves não estão sofrendo não quer dizer que elas não sofram.

Ainda segundo relatos de Shanker, a visita deixou claro que o foie gras que termina no prato está longe, “muito longe” da aparência que os criadores querem transmitir. Ela conta que, ao chegar à fazenda onde os patos são criados, “o primeiro cheiro não é aquele que evoca imagens da boa mesa, e sim um forte cheiro de fezes dos animais”.

Alguns produtores de foie gras têm afirmado que realizam sua produção de maneira “ética e humana”. A espanhola Pateria de Sousa diz permitir que os pássaros fiquem em liberdade para “recriar os instintos naturais”, e que hipnotiza os animais antes de “sacrificá-los”, mais um dentre tantos argumentos falsos e descabidos que os humanos utilizam para afirmar que matam animais para sua alimentação de uma maneira “correta”.

Nota da Redação: É difícil imaginar como um produtor de foie gras consegue argumentar sobre a ética em sua produção. Os patos são confinados em pequenas gaiolas, são alimentados à força, são destituídos de qualquer direito e não podem viver suas vidas em liberdade. São criados para morrer e isso já é antiético. Dizer que se hipnotiza o animal antes de matá-lo chega a ser revoltante, já que, no fim, ele ainda será morto, ainda será tratado como um objeto para exploração humana irrestrita.

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