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Aves migratórias têm que superar muitos obstáculos em sua incrível jornada

8 de junho de 2009
5 min. de leitura
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Já ouviu falar no trinta-réis? E no falcão-peregrino? Conhece o maçarico-de-peito-laranja? E o vira-pedra? Então, saiba que esses são os nomes populares de algumas das centenas de aves migratórias que existem. Essas aves, todos os anos, deixam o hemisfério norte da Terra e seguem para o sul em busca de uma maior oferta de alimento. Por isso, podem ser vistas no Brasil. Mas se você acha que a jornada desses animais é tranquila como uma viagem de férias… Está enganado! As aves migratórias precisam superar obstáculos que aparecem em seu percurso – muitos criados pelo ser humano.

“Há basicamente três principais barreiras naturais à migração das aves: os oceanos, os desertos e as cadeias

 

O maçarico-real é uma ave migratória (foto: Rafy Rodriguez).

 

 

montanhosas muito altas”, conta o ornitólogo – isto é, o especialista em aves – Daniel Honorato Firme, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O ser humano, no entanto, também é responsável pela criação de barreiras que dificultam a migração das aves ao construir redes elétricas, arranha-céus, moinhos de vento para a captação de energia eólica ou antenas de transmissão de sinais de celular e televisão.”

Estratégias de superação
Para enfrentar cada obstáculo natural, as aves têm uma estratégia. No caso dos oceanos, por exemplo, aves que vivem em terra firme costumam fazer as travessias em voos diretos, sem paradas para descanso ou alimentação. Já as aves marinhas – as que dependem dos mares e oceanos para sobreviverem –

 

A ave migratória popularmente conhecida como vira-pedra é chamada assim porque tem o hábito de virar bolinhos de lama em busca de alimentos (foto: Alexandre Caminha).

 

 

pousam na água para descansar e se alimentar. Com as barreiras criadas pelo ser humano, porém, a situação é diferente – e preocupante. Tanto que se tornou o tema de 2009 do Dia Mundial das Aves Migratórias, celebrado no início de maio.

“É comum ocorrer colisão de aves com prédios altos que são revestidos com vidro, material que confunde o animal. Os parques eólicos também se transformam em barreiras, sendo que, no Brasil, eles são geralmente encontrados na costa, local em que as aves migratórias se concentram”, conta o analista ambiental Elivan Arantes, do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres, ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. “Por isso é importante

 

Na época reprodutiva, o maçarico-do-peito-laranja fica com o peito alaranjado, como seu nome indica (foto: Patrick Leary).

 

 

verificar, antes da construção desses empreendimentos, se eles não estão na rota de migração de alguma espécie de ave. O mesmo vale para a instalação de redes elétricas ou de antenas de celular ou TV.”

Como as aves migratórias, geralmente, reproduzem-se em um país e migram para outros no inverno, em busca de locais mais quentes que ofereçam mais alimentos, a sua conservação depende de um esforço internacional. “A área que esses animais necessitam para continuar seu ciclo de vida é muito extensa”, conta o analista ambiental.

Para você ter uma ideia,  algumas aves migratórias percorrem milhares de quilômetros até chegar ao seu destino. Antes de partir, há espécies que comem exageradamente de forma a ter energia guardada para a viagem. Sem contar que, muitas vezes, enfrentam tempestades ou  furacões no caminho. Então, o que pudermos fazer para facilitar a jornada dessas viajantes é bem-vindo!

 

Você sabia?
– Estudos demonstram que algumas espécies de aves cruzam o deserto do Saara sem paradas, enquanto outras param ao atravessar os desertos da Ásia Central.
– Para atravessar os desertos, algumas espécies voam à noite, descansando em sombras e oásis durante o dia ensolarado.
– Aves regularmente cruzam cadeias montanhosas, como a do Himalaia, voando sem parar, mesmo diante de condições climáticas adversas, como tempestades. Algumas aves, porém, precisam parar para descansar, se alimentar ou mesmo se proteger.

 


Fonte: Por Mara Figueira (Ciência Hoje das Crianças)/UOL

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