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MIGRAÇÃO

Ave rara do Hemisfério Norte é fotografada no litoral de SP

Pisa-n'água (Phalaropus tricolor) foi flagrado em um canal do bairro Parque do Bitaru, em São Vicente (SP).

3 de outubro de 2024
g1 Santos
4 min. de leitura
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Foto: Leonardo Casadei

Um biólogo registrou a visita de um Pisa-n’água (Phalaropus tricolor), uma ave rara e migratória do Hemisfério Norte, em um canal do bairro Parque do Bitaru, em São Vicente (SP). Ao g1, Leonardo Casadei compartilhou que presenciar a passagem do animal é incomum na região e foi uma experiência muito gratificante.

“Para a gente, que observa aves, é uma emoção grande a cada espécie que a gente encontra. E, ver pela primeira vez, é uma sensação indescritível”, disse Leonardo, que acompanhou o animal por três dias.

De acordo com o biólogo, a ave vem para o Brasil nessa época do ano, mas é raro observá-la porque, geralmente, vão para praias menos frequentadas, como em Peruíbe e Ilha Comprida.

Leonardo contou que soube da presença da espécie por meio de uma observadora de aves, que compartilhou a informação em um grupo. “Ela mora em uma viela em São Vicente e tem um canalzinho, onde, infelizmente, é jogado esgoto e lixo”.

O especialista ressaltou que o ambiente que o animal escolheu para ficar durante três dias na cidade não é adequado. Ele contou que, em 12 anos morando na região, ainda não tinha visto a espécie pessoalmente.

“É um registro bastante inusitado porque é um bicho migratório, vem do Hemisfério Norte. Geralmente esses maçaricos (espécie da ave) vêm em setembro, fogem do inverno no Hemisfério Norte”, disse o biólogo.

De acordo com o biólogo, o animal deve ter escolhido o local, pois precisava repousar devido ao cansaço da viagem migratória. “Acho que é a falta de opções de uma área ambiental apropriada ou [porque] nossas praias estão muito frequentadas”.

Pisa-n’água

Leonardo explicou que o pisa-n’água difere de outras espécies de maçaricos porque tem o bico mais fino e prefere poças d’água, principalmente de água doce. “Na época reprodutiva tem cores fortes, [mas] quando vem para o Brasil perde essa característica e fica mais esbranquiçado”.

A espécie costuma se alimentar de pequenos insetos ou moluscos e gira em círculos na água para pegá-los na superfície. Além disso, também corre e fuça na lama de cabeça baixa e traseiro erguido.

“Nossa região é extremamente importante para eles, e a maior concentração de aves está em praias desertas. É necessário que a população tenha conhecimento que essas espécies estão pelas praias, e que permitam que esses bichos possam descansar”, disse.

O biólogo disse que a natureza é surpreendente. “A gente conhece de olhar nos livros, na internet as fotos, mas, ver pessoalmente, ver o comportamento da ave, ela nada rodando, é uma emoção muito grande, até pelo fato do bicho estar se adaptando. É uma ave que está conseguindo se adaptar”.

Fonte: g1

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