A ave freira da Madeira, espécie em perigo de extinção, conseguiu sobreviver ao incêndio que, em 2010, destruiu mais de 90% do Parque Natural do Funchal. Hoje, dizem as autoridades, está em recuperação.
O incêndio que, a 13 de Agosto, destruiu 92% do Parque Natural do Funchal desferiu um duro golpe nas medidas de conservação da freira da madeira (Pterodroma madeira), espécie classificada como Em Perigo, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. A população mundial, em 2005, era de menos de 250 animais adultos.
“De imediato iniciámos um trabalho de recuperação da área e hoje podemos considerar que os trabalhos de conservação conseguiram reverter o problema”, disse o director do Parque Natural da Madeira (PNM), Paulo Oliveira.
No ano passado “houve, obviamente, uma quebra no número de juvenis que nasceram mas tivemos números que nos dão bons indicadores para o futuro”, apontou. Os 17 juvenis que nasceram nos ninhos recuperados após o incêndio que dizimou a vegetação do Pico do Areeiro, a 1818 metros de altitude, sobreviveram todos. Esta é uma ave que passa seis meses em alto mar e outros seis em terra para nidificar em zonas escarpadas do maciço montanhoso central (Março/Abril a Outubro).
O diretor do PNM lembra que o Pico do Areeiro “é dos sítios da Madeira com mais visitas, quer por parte de turistas, quer por parte de residentes” e, por isso, o Parque Natural pretende “dar uma mais-valia àquela área, baseada na estratégia da divulgação do património natural do maciço montanhoso central que é um sítio da Rede Natural 2000”.
O Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, inaugura hoje no Pico do Areeiro o Centro da Freira da Madeira. Segundo o Governo, este “é um espaço que surge enquadrado com a estratégia do Governo Regional, através da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, de aproveitar o potencial económico subjacente à existência na Região de um valioso e único património natural”. Neste Centro, estará disponível informação sobre “a espécie Freira da Madeira, bem como sobre o seu habitat, através de uma exposição permanente, dinâmica e interactiva, composta por diversos ‘posters’ que ilustram o ciclo de vida da freira da Madeira e todo o esforço desenvolvido pelo governo regional na conservação da biodiversidade”, refere uma nota explicativa.
“É uma estratégia que nós pretendemos de auto-sustentabilidade das áreas protegidas da Madeira, ou seja, vamos ter ali uma zona de prestação de serviços e de venda de merchandising ambiental que tornará a gestão e os trabalhos de conservação auto-sustentados”, conclui.
Este espaço, que será gerido pelo Serviço do Parque Natural da Madeira, representa um investimento na ordem dos 65 mil euros, contando com apoios do Governo Regional e da União Europeia, através do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, no âmbito do PRODERAM.
Fonte: Ecosfera