Não são apenas os humanos que criam laços de amizades duradouros. No reino animal isso também acontece e, agora, foi comprovado em pesquisa liderada pela Universidade de Columbia, dos Estados Unidos.
O trabalho, cujos resultados foram publicados na prestigiada revista científica Nature, focou no estorninho-de-bico-fino, um pássaro nativo da savana africana, e analisou dados coletados pelo professor Dustin Rubenstein e colegas ao longo de 20 anos.
De 2002 a 2021, a equipe estudou milhares de interações entre centenas de pássaros e reuniu DNA de indivíduos na população para examinar as relações genéticas. E, ao combinar dados comportamentais e genéticos de 40 temporadas de reprodução, descobriu que a espécie em questão demonstra “reciprocidade”, com seus indivíduos ajudando uns aos outros com a expectativa de que o favor será eventualmente retribuído.
“As sociedades de estorninhos não são apenas famílias simples, elas são muito mais complexas, contendo uma mistura de indivíduos relacionados e não relacionados que vivem juntos, de forma muito semelhante à dos humanos”, explicou Rubenstein, autor do artigo, em comunicado.
Essas aves ajudam preferencialmente seus parentes, mas o interessante é que também fazem isso com não parentes, e de forma frequente e consistente. “Muitos desses pássaros estão essencialmente construindo amizades ao longo do tempo”, apontou Rubenstein. “Nosso próximo passo é explorar como esses relacionamentos se formam, quanto tempo duram e por que alguns relacionamentos permanecem fortes, enquanto outros se desfazem.”
Alexis Earl, bióloga da Universidade Cornell e outra autora do artigo, disse em entrevista ao The New York Times que o estorninhos-de-bico-fino é um animal distinto entre os que se reproduzem cooperativamente. Seus bandos misturam grupos familiares com imigrantes de outros grupos, e novos pais dependem de até 16 ajudantes, que trazem comida extra para os filhotes e afugentam predadores.
“Os estorninhos investem consistentemente nos mesmos parceiros sociais preferidos ao longo de suas vidas”, indicou Earl. “Para mim, isso soa como amizade.”
Rubenstein acrescentou que esse comportamento tem vantagens. “Aves que vivem em grupos maiores tendem a viver mais e a reproduzir mais filhotes ao longo da vida”, comentou. E ele completou que as relações de ajuda recíproca são provavelmente mais importantes do que os dados do laboratório demonstram, mas, para entender isso melhor, mais pesquisas e dados são necessários.
Fonte: Um só Planeta