Mais de um século após a última população de painhos-de-garganta-branca (Nesofregetta fuliginosa) ser exterminada da Ilha Kamaka, na Polinésia Francesa, a região voltou a receber visitas deste animal. Isso foi possível graças ao sucesso de um ambicioso projeto de reintrodução da vida selvagem local, o Island-Ocean Connection Challenge (“Desafio de Conexão Ilha-Oceano”).
Segundo um comunicado publicado pela organização da iniciativa, o principal obstáculo para recuperar a espécie residia em eliminar do ecossistema a presença de ratos, os invasores que originalmente expulsaram os painhos-de-garganta-branca da localidade. Os roedores aproveitavam que essas aves criavam os seus ninhos no solo para, assim, predar os seus filhotes.
De volta à ilha
Por meio de drones, a equipe conseguiu erradicar por completo os ratos invasores em 2022. A partir daí, iniciou-se a etapa de atrair as aves de volta para a ilha Kamaka, o que foi feito com a ajuda de dois sistemas de som movidos a energia solar, câmeras de detecção de movimento e tocas espaçosas montadas pelos próprios pesquisadores.
Essa estratégia de “atração social”, segundo o site IFLScience, utilizou sons gravados que simulavam uma colônia de painhos-de-garganta-branca, apelando para o instinto dessas aves de pertencer a um coletivo. Logo nas primeiras semanas de testes, o experimento já demonstrou evidências de sucesso.
A implantação das tecnologias ocorreu em março de 2024, pouco antes do início da temporada de reprodução, e os primeiros visitantes foram flagrados uma vez em abril e outra em maio de 2024. Por fim, em junho, e durante o restante do período de reprodução, registrou-se a presença das aves tanto na vegetação quanto nos ninhos projetados pelos especialistas.