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RECUPERAÇÃO

Ave ameaçada retorna à ilha do Pacífico pela 1ª vez em mais de 100 anos

Os painhos-de-garganta-branca foram eliminados de Kamaka após a introdução de ratos invasores na região, que passaram a caçar os filhotes das aves; saiba mais

4 de janeiro de 2025
Arthur Almeida
4 min. de leitura
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Registro de Nesofregetta fuliginosa em 18 de outubro de 2019, aproximadamente no meio do caminho entre as Ilhas Gambier e MacDonald Bank — Foto: Kirk Zufelt

Mais de um século após a última população de painhos-de-garganta-branca (Nesofregetta fuliginosa) ser exterminada da Ilha Kamaka, na Polinésia Francesa, a região voltou a receber visitas deste animal. Isso foi possível graças ao sucesso de um ambicioso projeto de reintrodução da vida selvagem local, o Island-Ocean Connection Challenge (“Desafio de Conexão Ilha-Oceano”).

Segundo um comunicado publicado pela organização da iniciativa, o principal obstáculo para recuperar a espécie residia em eliminar do ecossistema a presença de ratos, os invasores que originalmente expulsaram os painhos-de-garganta-branca da localidade. Os roedores aproveitavam que essas aves criavam os seus ninhos no solo para, assim, predar os seus filhotes.

De volta à ilha

Por meio de drones, a equipe conseguiu erradicar por completo os ratos invasores em 2022. A partir daí, iniciou-se a etapa de atrair as aves de volta para a ilha Kamaka, o que foi feito com a ajuda de dois sistemas de som movidos a energia solar, câmeras de detecção de movimento e tocas espaçosas montadas pelos próprios pesquisadores.

Essa estratégia de “atração social”, segundo o site IFLScience, utilizou sons gravados que simulavam uma colônia de painhos-de-garganta-branca, apelando para o instinto dessas aves de pertencer a um coletivo. Logo nas primeiras semanas de testes, o experimento já demonstrou evidências de sucesso.

A implantação das tecnologias ocorreu em março de 2024, pouco antes do início da temporada de reprodução, e os primeiros visitantes foram flagrados uma vez em abril e outra em maio de 2024. Por fim, em junho, e durante o restante do período de reprodução, registrou-se a presença das aves tanto na vegetação quanto nos ninhos projetados pelos especialistas.

“Os resultados dos nossos esforços de atração social foram rapidamente aparentes – os painhos-de-garganta-branca começaram a visitar no início da temporada de nidificação e se tornaram visitantes regulares, enquanto também passavam tempo nas caixas-ninho”, afirma Thomas Ghestemme, um dos autores do projeto. “No total, seis espécies de aves marinhas estão agora confirmadas como reprodutoras na ilha, com duas outras espécies prováveis”.

Risco de extinção

O retorno dos painhos-de-garganta-branca à ilha é um sinal muito positivo, considerando principalmente o tamanho pequeno de sua população remanescente: estima-se que permaneçam na natureza apenas 250 a 1000 indivíduos.

Na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o animal é classificado como “em risco de extinção”.

Com um local seguro para nidificar, os pesquisadores esperam que esse grupo possa voltar a prosperar. “O estudo traz nova esperança sobre o futuro. Mais do que os benefícios à espécie, o seu retorno também representa a vinda de nutrientes essenciais para a ilha e para todo o ambiente ali existente”, conclui Tehotu Reasin, proprietário de terras em Kamaka.

Fonte: Revista Galileu

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