Depois de um desenvolvimento significativo da medicina veterinária canina e principalmente dos meios de investigação (scanner, ecografia), os conhecimentos em oncologia animal progrediram muito para chegarem a um grau equivalente ao da medicina humana. Particularmente, do ponto de vista anatomopatológico, as técnicas de diagnósticos se afinaram e o laboratório é capaz de definir o caráter histológico preciso de um tumor e o seu grau de agressividade (“grading”) o que permite adaptar a escolha das terapias e principalmente dar um prognóstico ao problema.
Segundo a medicina veterinária, a idade média do aparecimento do câncer no cão é entre os 6 a 10 anos, na maioria das vezes, são as fêmeas que manifestam esta patologia, o que se explica facilmente pela importância muito grande dos tumores mamários na cadela, tendo em vista que são os tumores mais fáceis de operar.
De acordo com a SOBRACI – Sociedade Brasileira de Cinofilia – as raças mais predispostas ao câncer, são os Poodle, Pastor Alemão, Bóxer, Cocker, Teckel e, em seguida, os Spaniel Bretão, Setter, Yorkshire e Fox Terrier.
No que diz respeito ao tipo de tumor, os mamários são amplamente predominantes, depois vêm os tumores cutâneos, os tumores dos tecidos mesenquimatosos e por fim os tumores do aparelho genital masculino, da boca e do sistema hemolinfopoiético.
Algumas raças são predispostas a determinados tipos de tumores, é o caso das raças dolicocéfalas (predisposição aos tumores das cavidades nasais), das raças de grande porte (predisposição aos tumores do esqueleto), dos Bóxers (predisposição aos tumores cutâneos) e dos Chow-Chow e Scottish Terrier, predispostas aos tumores da cavidade bucal de tipo melanoma”, informa Eduardo Freire, cinófilo e superintendente da SOBRACI.
A identificação do câncer pode ser muito fácil (este é o caso quando se está diante de um tumor cutâneo bem visível) ou necessitar de exames complementares sofisticados quando o processo tumoral não é identificado imediatamente.
De qualquer forma, diante de qualquer processo canceroso, convém localizar o processo tumoral, realizar um balanço de extensão do câncer e identificar a natureza histológica do tumor e o seu grau de agressividade, a fim de propor um tratamento perfeitamente adaptado e principalmente um prognóstico permitindo quantificar-se possível a esperança de vida do cão.
Deve-se pensar em câncer diante do aparecimento de lesões ou de massas cutâneas que evoluem rapidamente, sintomas gerais que resistem a terapeuta clássica (vômitos, diarréias), um emagrecimento rápido sem razão aparente ou assim que se observam modificações de forma ou de tamanho de determinadas estruturas.
Em função dos sintomas observados, o veterinário vai se orientar para um certo tipo de investigação (radiografias pulmonares, em caso de anomalias respiratórias, ecografia abdominal quando de palpações de uma massa abdominal, coleta de sangue para explorar perturbações metabólicas).
Uma vez localizado o processo canceroso, a etapa seguinte consiste em realizar um balanço da extensão local do tumor (relação com os tecidos e as estruturas que o envolvem), a sua extensão regional (afetação dos gânglios que drenam a região em questão) e a sua extensão geral a distância (metástases). A aquisição e as novas técnicas de imagens, como o scanner ou a cintilografia por exemplo, permitem realizar um balanço da extensão extremamente preciso. Pode-se assim chegar a uma classificação clínica de tumores idêntica à àquela utilizada para o homem.
Tratamento do câncer em cachorros
Uma vez estabelecido o diagnóstico do câncer, a decisão de tratá-lo é tomada com o tutor em função do prognóstico e do conforto da vida animal. O objetivo é o de ser curativo na medida do possível, e paliativo caso se deseje simplesmente prolongar a vida do cão em boas condições.
O tratamento do câncer em cães pode ser: por cirurgia, radiotepapia, quimioterapia. Tudo vai depender da natureza histológica do tumor e da sua localização – por exemplo será proposta a radioterapia de certos tumores cerebrais não operáveis, a quimioterapia para câncer sistêmico como o linfossarcoma.
A quimioterapia consiste na administração de substâncias que alteram a multiplicação e o funcionamento das células e vão agindo diretamente no tumor. Essas substâncias vão ter efeitos secundários nas células em replicação no organismo (como a medula óssea produtora de glóbulos vermelhos, por exemplo) e levar a uma síndrome anêmica.
A radioterapia utiliza os efeitos físicos da radiação na matéria, esses efeitos levam a efeitos biológicos resultando à morte celular. O objetivo de uma radiação é duplo: a morte das células cancerosas e a proteção das células em torno.
Podem ser levados a combinar diferentes tratamentos para uma maior eficácia. Segundo estudos, contrariamente ao que geralmente se pensa, a quimioterapia não faz com que o cão perca todos os seus pêlos e não o torna sistematicamente doente, é até melhor suportada pelo cão do que pelo ser humano.
Fonte: Portal da Cinofilia