Uma expedição de pesquisas rastreou tigres nas florestas de Sumatra, na Indonésia, ao longo de um ano e descobriu que a espécie está lutando para sobreviver com populações de baixa densidade, aumentando o temor de possível extinção do predador.
Nas ilhas vizinhas de Java, Bali e Cingapura, o animal desapareceu no século devido à caça, e pesquisadores e ativistas lutam para que a subespécie de Sumatra não tenha o mesmo destino.
Os esforços estão dando resultados. A densidade de tigres aumentou ao longo das últimas duas décadas, mas as áreas bem preservadas onde os animais se concentram estão desaparecendo e se tornando cada vez mais fragmentadas. As florestas que mantém os tigres perderam 17% de suas áreas entre 2000 e 2012, “apagando qualquer ganho nas chances de sobrevivência da espécie”, alertaram os pesquisadores em estudo publicado nesta semana na revista “Nature Communications”.
“A perda de habitats-chave está provocando desafios de conservação para Sumatra, e em particular para esta espécie criticamente ameaçada”, comentou Matthew Luskin, pesquisador da Universidade da Califórnia, em Berkeley, baseado na Universidade Tecnológica Nanyang, em Cingapura.
Obter informações sobre um predador raro e silencioso não é fácil, especialmente em florestas. Os pesquisadores passaram um ano caminhando em áreas remotas de Sumatra, instalando câmeras acionadas por movimentos. Os tigres são identificados por padrões únicos de suas listras, que permitiram acompanhar a movimentação individual dos animais.
Com os dados coletados, os pesquisadores estimaram que um tigre de Sumatra ocupa território de aproximadamente 400 quilômetros quadrados, muito maior que a área ocupada por outras subespécies, como o tigre de Bengala. Isso significa que o tigre de Sumatra precisa de parques maiores para sobreviver.
Nas áreas intocadas, a densidade de tigres é 47% maior que em florestas degradadas. Entre 1990 e 2010, Sumatra perdeu 37% de suas florestas bem preservadas. Como resultado, as populações de tigres ficaram fragmentadas. Os dados da pesquisa indicam que restam apenas dois habitats com dimensões suficientes para abrigar mais de 30 fêmeas em idade reprodutiva.
As estimativas indicam que existem entre 328 e 908 tigres na ilha. Os números são um pouco mais otimistas que os da União Internacional para a Conservação da Natureza, que estima o número de animais entre 441 e 679.
“A erosão de grandes áreas selvagens empurra o tigre de Sumatra um passo mais perto da extinção”, alertou Luskin.
Segundo Mathias Tobler, do Zoológico de San Diego e coautor da pesquisa, “proteger as áreas restantes de floresta primária é absolutamente crítico para garantir que os tigres possam persistir em Sumatra”. Os cientistas destacam a importância do Parque Nacional Gunung Leuser, no norte da ilha, onde diversas organizações internacionais atuam para prevenir a caça e o desmatamento.
— O reflorestamento em larga escala é improvável — disse Tobler. — Se nós vamos salvar os tigres de Sumara, o tempo para agir é agora.
Fonte: O Globo