Foi nos anos 1990 que a preocupação com o meio ambiente e saúde pública emergiu na mídia de forma explosiva, originando a criação de entidades em prol do bem-estar do planeta. E foi uma lacuna nesse “boom” que originou a Associação Vida Animal (AVA), de Ribeirão Preto. Os fundadores perceberam que eram defendidos os animais silvestres ou aqueles em extinção. Contudo, não havia quem olhasse para os bichos de estimação, como parte do problema da saúde pública e ambiental.
A AVA foi fundada em 1996 e desde então vem lutando contra o abandono de gatos e cães. “Não temos abrigo para os animais. Essa pode ser a primeira necessidade de um animal abandonado, mas se nós cuidamos deles, tiramos um problema dos olhos da sociedade e trazemos para nós. Não podemos ser paternalistas e sim transformadores”, afirma a jornalista Cristina Dias, vice-presidente da Associação.
A diretoria da entidade conta com 15 membros voluntários e tem oficialmente 500 associados que contribuem mensalmente com recursos financeiros ou serviços. Somados aos voluntários esporádicos, o grupo chega a mil pessoas que abraçam a causa somente em Ribeirão Preto. O dinheiro recolhido é usado na compra de vacinas, ração, cirurgias, castrações e consultas.
Em sua sede, a associação atende cerca de 70 animais ao mês, sendo que metade é para castração. Há oito anos, acontece em todo mês de julho uma massiva campanha para o procedimento, contando com a adesão de veterinários da cidade que oferecem preços reduzidos. Por campanha, são castrados aproximadamente 400 animais.
Dificuldade
Segundo Cristina, a maior dificuldade no trabalho da AVA é fazer com que a população compreenda a importância da consciência diante da vida desses animais. “Tem gente que diz que adora animais, mas vai assistir a rodeios. Outros dizem que amam gatos e cachorros, mas ficam com dó de castrar seus bichos. Eles não entendem que a castração é fundamental para o controle populacional e uma questão de saúde pública”, afirma.
Dois projetos paralelos surgiram dentro da entidade: o Murilo-Pretinho, focado na adoção de animais da comunidade; e o Cão Paixão, que abrange cuidadores que abrigam os animais antes da adoção. Juntos à AVA, os projetos realizam cerca de três feiras de adoção por mês.
A dona de casa Márcia Valéria Antônio da Silva soube da feira e foi conferir a mais recente, que aconteceu no último sábado no Pet Shop Cinépolis, na avenida Presidente Vargas. Assim que chegou ao local com o marido, encontrou um gato adulto cinza que havia sido abandonado anteriormente. “Eu vim para pegar uma fêmea, mas bati o olho nele e foi amor à primeira vista”, disse. A AVA é uma das 40 ONGs selecionadas no mundo todo para serem parceiras do programa internacional “Adotar é Tudo de Bom”, da marca Pedigree.
Dona-de-casa cuida de 24 cachorros e oito gatos em casa
A dona de casa Noêmia da Silva Lima, mais conhecida como Carla, é uma das voluntárias mais ativas da AVA. Moradora do Jardim Aeroporto, ela cuida, com paciência e muita higiene, de 24 cães e oito gatos.
Aos 51 anos e vivendo com a renda mensal do marido — de apenas um salário mínim o —, Carla afirma que, mesmo quando os amigos dizem que é loucura cuidar de tantos bichos assim, o amor que tem pelos animais sempre fala mais alto. “Eu simplesmente não consigo ver um cachorro doente sofrendo na rua e continuar andando como se não tivesse visto nada”, diz, afirmando que acorda todos os dias às 6h e vai se deitar às 23h, depois de lavar todas as vasilhas e alimentar todos os bichos, muitos deles cegos, amputados e fraturados.
Dona Carla conheceu a AVA por intermédio de conhecidos que a incentivaram a pedir ajuda à Associação. Hoje, ela é uma das cuidadoras que tratam dos animais antes de eles serem encaminhados para adoção. “Hoje eu só consigo amenizar a dor deles com a ajuda da AVA, que fornece a ração e o veterinário. Aqui cada bichinho tem uma história de muito sofrimento”.
Serviço
Associação Vida Animal (AVA)
Rua João Ramalho, 179, Campos Elíseos
(16) 3632-1054
www.ava.org.br
Fonte: Gazeta de Ribeirão