O governo australiano propôs realocar, ao longo da próxima década, centenas de habitantes das Ilhas Cocos, situadas no oceano Índico, devido à elevação do nível do mar.
O projeto das autoridades provocou a indignação dos mais de 600 habitantes desse território, localizado a 2,9 quilômetros a oeste da Austrália e também conhecido como Ilhas Keeling.
As Ilhas Cocos são um grupo de 27 atóis com apenas cinco metros de altitude. O território está ameaçado pela erosão das costas e pela elevação do nível do mar causada pelas mudanças climáticas.
Entre os 600 residentes das ilhas estão os descendentes dos trabalhadores malaios que foram levados para a região para trabalhar nos cultivos de coco na década de 1830.
Os britânicos colonizaram essas ilhas em 1857, antes de transferirem a soberania do território para a Austrália em 1955.
A proposta de evacuar as ilhas foi tornada pública em janeiro e prevê que tanto os moradores quanto as centrais elétricas, as estradas e os comércios sejam realocados nos próximos 10 a 50 anos.
Essa opção é a mais “viável para proteger vidas de forma social, econômica e ambientalmente respeitosa”, afirmou o relatório do governo, sem especificar para onde essas populações seriam realocadas.
Frank Mills, diretor-geral do condado das Ilhas Cocos, expressou sua “decepção” pelo fato de o governo não apresentar estratégias de longo prazo que permitam aos moradores permanecer na ilha.
Mills não descarta tomar medidas legais contra o governo australiano.
Um porta-voz do executivo afirmou, no entanto, que a proposta ainda não é definitiva e que a comunidade será consultada.
As Ilhas Cocos fazem parte das nações insulares de baixa altitude que já se veem obrigadas a repensar seu futuro.
A Austrália, um dos principais emissores de gases de efeito estufa, assinou em 2024 um tratado com Tuvalu, um microestado do Pacífico, que concede a seus habitantes o direito de viver no país caso a elevação do nível do mar submerja a ilha.
Fonte: O Globo