EnglishEspañolPortuguês

Austrália importa produtos com pele de cão-guaxinim

9 de outubro de 2011
4 min. de leitura
A-
A+

Por Natalia Cesana  (da Redação)

Foto: Flickr

Investigadores da Sociedade Humanitária Internacional (HSI) divulgaram recentemente os resultados dos testes feitos em roupas, inclusive em botas de neve da marca australiana Aussie ugg. Muitas amostras continham pele de cão-guaxinim.

A pele do cão-guaxinim é fabricada na China, onde os animais são mantidos em condições inacreditavelmente cruéis antes de serem esfolados vivos.

Esta espécie animal é originária do leste da Ásia e está intimamente ligado aos mamíferos carnívoros e onívoros, incluindo lobos, raposas, coiotes e cães.

Foto: Reprodução/News.com.au

Neste vídeo que pode ser acessado aqui (aviso: cenas chocantes) é possível ver os animais sendo esfolados vivos e depois sendo empilhados. Um deles, muito fraquinho, ainda consegue levantar a cabeça depois de ter sua pele arrancada.

O governo já apertou o cerco sobre o comércio de peles de cães e gatos, banindo a importação em 2004, depois que imagens da situação das fazendas de cachorros foram divulgadas pela HSI. Mesmo assim, a pele de cão-guaxinim continua sendo importada pela Austrália.

Um par das populares botas Ugg foi testado pela HSI e foi confirmado que era feito de pele de cão-guaxinim, conhecidos como “ovelhas australianas”. A empresa fabricante foi procurada para comentar o assunto.

Verna Simpson, diretora da HSI, disse que as botas testadas foram apenas um dentre as dezenas de produtos comprados pela Austrália e que levam pele de cão-guaxinim e, em alguns casos, até de cachorro, o que é proibido no país.

“A HSI foi informada que uma vez que esses itens conseguiram passar as fronteiras, a alfândega tem pouco poder para tomar alguma medida”, disse Verna.

O especialista em identificação de pelos animais, Han Brunner, confirmou que as botas continham pele animal e disse que já é tempo de o governo reprimir este bárbaro comércio.

“Não há dúvida de que erroneamente a alfândega se recusou a fazer alguma coisa. Eles têm rotulado como pele de merino, uma espécie de carneiro. Mas do lado de fora da bota era pele de cão-guaxinim”, disse.

Lena McDonald, que dirige a Ugg Australia, disse que o uso de pele de cão-guaxinim por outras marcas manchou toda a indústria de botas de neve porque muitas pessoas tiveram problemas para diferenciar as marcas.

Ela contou ainda que a empresa utiliza curtume próprio como forma de garantir a qualidade e os padrões das botas. E acrescentou que de 30 a 40 produtos usam a palavra “ugg”, mas muitos não são feitos na Austrália e utilizam material vindo do exterior, inclusive peles.

“Até onde entendo, essas botas não foram feitas na Austrália de jeito nenhum e ainda possuem as palavras ‘Australia’ e ‘ugg’ sobre elas. As leis de rotulagem australianas são um pouco sombrias e temos visto nossas companhias cortarem etiquetas dizendo ‘made in China’ e colocando no lugar um ‘made in Australia’ no lugar”, disse.

O porta-voz do Ministério da Casa Civil, Brendan O’Connor, disse que o governo não pode proibir a importação de pele de cão-guaxinim. “No que se refere à pele oriunda de outros animais que não sejam cães e gatos, existem proibições adicionais na Convenção sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas (CITES).”

A CITES providencia o controle do comércio internacional de produtos derivados de animais ou plantas ameaçados. Qualquer negócio desse tipo feito sem as permissões necessárias é proibido. “Estender a proibição de produtos que sejam feitos com pele de guaxinim asiático ou de cão-guaxinim não é uma política deste governo no momento”, completou O’Connor.

A porta-voz da alfândega disse que o governo levou a importação de peles ilegais a sério, mas que está esperando mais informações antes de confirmar sua posição sobre a importação de peles de cão.

O cão-guaxinim ou cão-mapache, é um animal, membro da família dos canídeos; não é um verdadeiro cão e sim uma das espécies existentes do gênero Nyctereutes.Esta espécie é originária do Japão, Manchúria e sudeste da Sibéria. De acordo com informações da Wikipédia, Entre 1929 e 1955 foram introduzidos na União Soviética e espalharam-se rapidamente a partir daí. São agora abundantes na Escandinávia e nos Países Bálticos, tendo já sido avistados em lugares tão distantes quanto a França e a Itália.

Nota da Redação: Deve chegar o dia em que será proibido o uso de peles de todas as espécies animais, sem exceção. Esse mercado podre, retrógrado, sórdido e cruel, que confina, maltrata, humilha e tortura animais para a comercialização de suas peles foi muito bem retratado no recente documentário Skin Trade. Permitir, ainda, que ‘apenas’ algumas espécies animais sejam vítimas dessa atrocidade é absurdo e incoerente. Essa indústria primitiva e criminosa só interessa aos humanos que lucram às custas do sofrimento e da morte de seres inocentes. 

Você viu?

Ir para o topo