Por Raquel Soldera (da Redação)
A Austrália anunciou nesta sexta-feira, 28, que na próxima semana entrará com uma ação judicial para impedir que o Japão continue matando centenas de baleias por ano alegando razões científicas, o que causou a reação imediata de Tóquio.
Autoridades australianas anunciaram que vão apresentar os documentos ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, na próxima semana, deixando de lado a diplomacia após repetidas ameaças de litígio.
“Queremos acabar com a matança de baleias em nome da ciência no Oceano Austral”, disse o Ministro do Meio Ambiente, Peter Garrett.
Reagindo à decisão da Austrália, o ministro japonês das Pescas, Hirotaka Akamatsu, chamou o anúncio de “muito decepcionante”, acrescentando que a “pesquisa científica” no Japão foi aprovada segundo as normas de uma moratória internacional sobre a caça de baleias.
O ministro australiano das Relações Exteriores, Stephen Smith, disse que seu governo não conseguiu encontrar uma solução diplomática para este problema, apesar das discussões na Comissão Baleeira Internacional.
“O governo australiano não tomou essa decisão de uma hora para outra”, disse ele. Smith negou, porém, que essa ação poderia afetar as relações com o Japão, um importante parceiro comercial da Austrália.
A posição da Austrália neste terreno se tornou mais agressiva nos últimos meses, e advertiu o Japão que a diplomacia “poderia chegar ao fim deste ano”, enquanto apresentava um plano para terminar com a controvérsia.
O Japão defendeu a legalidade do seu “programa científico” e descreveu como “muito lamentável” a tentativa australiana de abolir a chamada “caça científica de baleias” e colocar um fim nesta atividade no Oceano Austral em cinco anos.
No mês passado, a Comissão Baleeira Internacional adotou uma proposta que permitiria a caça de baleias pelo Japão, Islândia e Noruega, com o compromisso de que diminuirão “significativamente” em dez anos.
A Austrália se opõe fortemente a este compromisso, que fixa em 410 o número de baleias a serem caçadas na próxima temporada – depois de 500 este ano -, e 205 na temporada 2015-2016.
A Nova Zelândia também disse que está considerando uma ação contra o Japão no Tribunal Internacional de Justiça, e o ministro das Relações Exteriores, Murray McCully, disse que uma decisão será anunciada “nas próximas semanas”.
Ambos os países têm forte oposição às atividades baleeiras do Japão, que se realizam graças a uma brecha na moratória international de 1986, que permite que a caça de baleias com fins “científicos”.
Violentos confrontos entre os baleeiros japoneses e os ativistas pelos direitos animais, como os voluntários do grupo Sea Shepherd Conservation Society, que se opõem à caça de baleias, levou ao aumento da tensão.
Neste contexto, esta semana começou em Tóquio, no Japão, o julgamento do neozelandês Pete Bethune, que é acusado de abordar o navio baleeiro japonês Shonan Maru 2, como represália pelo barco Ady Gil, da organização Sea Shepherd Conservation Society, ter afundado depois de ser abalroado pelo navio japonês.
Pete Bethune, de 45 anos, foi capturado pelos baleeiros japoneses, que o acusaram de prejudicar uma atividade comercial, violar e destruir propriedade privada, além de posse de armas e assalto.
O veredito pode ser pronunciado em junho, e Bethune é passível de uma condenação de até 15 anos de prisão. A próxima reunião da Comissão Baleeira Internacional está prevista para junho, em Marrocos.
Com informações de AnimaNaturalis