Nas terras altas úmidas de Galápagos, cercada por imponentes árvores escalésias, a bióloga Carolina Proaño se dedica incansavelmente à proteção do petrel de Galápagos, uma ave marinha criticamente ameaçada. Em sua fazenda na ilha de Santa Cruz, Proaño criou uma área segura para os ninhos dessa espécie, utilizando gravações dos chamados das aves para atraí-las e monitorando o local com armadilhas fotográficas.
No entanto, a luta pela preservação dos petréis enfrenta desafios significativos. Recentemente, Proaño encontrou dois petréis adultos mortos, vítimas de ataques de cães vadios, uma das várias espécies introduzidas por humanos que ameaçam a biodiversidade local. As imagens capturadas por suas armadilhas também revelaram a presença de um gato, outra espécie invasora que coloca em risco a sobrevivência dessas aves.
O arquipélago de Galápagos, famoso por sua rica diversidade de espécies endêmicas, enfrenta crescentes pressões ambientais e humanas. O turismo em expansão e o aumento populacional têm contribuído para a introdução de espécies exóticas, como cães, gatos e parasitas, que causam danos irreparáveis à fauna local. A mosca parasita Philornis downsi, por exemplo, tem sido especialmente devastadora para as aves de Galápagos, levando ao declínio de espécies já ameaçadas.
Além disso, a infraestrutura deficiente das ilhas agrava os problemas. A falta de gestão adequada de água, esgoto e resíduos, aliada à sobrepesca e à crescente poluição, compromete ainda mais os frágeis ecossistemas de Galápagos.
Embora as pressões externas sejam intensas, especialistas como Gunter Reck, professor de biologia aposentado, acreditam que medidas corretivas ainda podem preservar os ecossistemas das ilhas. No entanto, para a comunidade local, a principal preocupação é a instabilidade econômica causada pela queda no turismo, intensificada pela violência crescente no Equador continental. A dependência do turismo não tem sido suficiente para melhorar serviços públicos essenciais, como saúde e educação, e muitos se sentem excluídos dos benefícios dos projetos de conservação.
A recente decisão do presidente Daniel Noboa de aumentar as taxas de entrada nas ilhas visa responder às demandas por melhor infraestrutura e conservação. No entanto, há dúvidas sobre se essa medida realmente beneficiará a comunidade local ou se apenas aumentará os lucros das grandes empresas de turismo.
Enquanto isso, Proaño e outros conservacionistas continuam a lutar pela preservação das espécies ameaçadas de Galápagos, conscientes de que o futuro do arquipélago depende de um equilíbrio delicado entre conservação, turismo sustentável e envolvimento da comunidade local.