A crescente presença de animais em encomendas e bagagens, um fenômeno que vem aumentando ao redor do mundo, acende um alerta sobre o bem-estar deles ao serem transportados involuntariamente.
De acordo com o Centro Nacional para o Bem-Estar dos Répteis (NCRW), mais de 400 animais foram encontrados em encomendas desde 2018 no Reino Unido. Esses casos destacam o impacto do comércio global e da movimentação de bens sobre a fauna, muitas vezes sem que esses animais tenham qualquer chance de sobrevivência.
Esses animais, que incluem lagartos, escorpiões e serpentes, não deveriam ser tratados como ameaças, mas como vítimas de um sistema que os expõe a longas viagens, condições adversas e possível morte ao chegarem em um ambiente estranho. Muitos acabam se escondendo em contêineres ou bagagens apenas como uma reação natural de sobrevivência, ou como resultado da perda de habitat devido à expansão da atividade humana.
Desde o início da coleta de dados em 2018, foram identificadas cerca de 280 lagartixas, mais de 30 aranhas, sapos e rãs em pacotes ou malas vindas de diversas partes do mundo. Além do risco de exposição a ambientes hostis e imprevisíveis, esses animais podem carregar consigo uma carga emocional e física grave: estresse, fome e desidratação.
Tais situações representam violações aos direitos animais, especialmente quando considerados apenas como “pragas” ou “visitantes indesejados” e tratados sem a devida consideração pelo seu bem-estar.
Para o diretor do NCRW, Chris Newman, o aumento no número de resgates pode indicar maior conscientização pública, mas ainda existem muitos casos subnotificados. É urgente que as autoridades e consumidores considerem o impacto que suas compras e viagens internacionais exercem sobre esses animais e adotem medidas para minimizar esse transporte acidental.
É essencial informar e educar os consumidores sobre a importância de inspeções e protocolos que possam reduzir o sofrimento dos animais envolvidos.
Casos emblemáticos, como o de um escorpião-dourado encontrado em uma compra da Shein ou o de uma cobra echis em contêineres, mostram que as respostas precisam ser não só preventivas, mas também focadas nos direitos animais. Em vez de capturas e descartes apressados, esses animais necessitam de um manejo responsável, realizado por especialistas que garantam sua segurança e, quando possível, seu retorno ao habitat de origem.