Um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade Atlântica, na Flórida, traz à tona preocupações sobre como o aumento da temperatura pode afetar a sobrevivência e o desenvolvimento cognitivo das tartarugas marinhas. Publicada na revista Endangered Species Research, a pesquisa revela que as altas temperaturas de incubação impactam a taxa de sobrevivência dos filhotes, resultando em deformidades físicas e uma proporção desbalanceada entre os gêneros nascidos.
A equipe de pesquisa coletou ovos de tartaruga-comum (Caretta caretta) no Condado de Palm Beach durante os verões de 2019 e 2020. Os filhotes foram incubados em duas temperaturas distintas, 31°C e 33°C, que favorecem o nascimento de fêmeas. Após quatro semanas, os pesquisadores realizaram testes para avaliar a capacidade de aprendizado dos filhotes em um labirinto em Y, onde deveriam associar padrões visuais a recompensas alimentares.
Os resultados mostraram que, apesar das diferenças de temperatura não terem afetado significativamente a capacidade cognitiva dos filhotes, aqueles nascidos em 2020 demonstraram um desempenho superior nas tarefas propostas. Sarah Milton, uma das autoras do estudo, destacou que os filhotes conseguiram rapidamente se adaptar a novas informações, uma habilidade crucial em ambientes em constante mudança devido às alterações climáticas.
Conclusões
Contudo, as consequências físicas do aumento da temperatura são alarmantes. Filhotes incubados a temperaturas mais altas apresentaram crescimento reduzido, menor sucesso na eclosão e anomalias no escudo. Essas características podem prejudicar suas habilidades natatórias e aumentar o risco de predação. A autora correspondente do estudo, Ivana Lezcano, expressou preocupação com os impactos a longo prazo das temperaturas elevadas sobre as populações de tartarugas marinhas.
Embora a pesquisa tenha evidenciado uma capacidade adaptativa significativa entre os filhotes, as temperaturas extremas ainda representam riscos à saúde física e ao desenvolvimento cognitivo das tartarugas. Os pesquisadores alertam para a necessidade urgente de mais estudos sobre o impacto das altas temperaturas que já ultrapassam os 32°C registrados na Flórida.
Segundo a ‘Revista Galileu’, a adaptabilidade comportamental observada neste estudo não é apenas um mecanismo de sobrevivência; é considerada uma vantagem evolutiva essencial. Isso enfatiza a importância de estratégias de conservação que não apenas protejam as tartarugas marinhas, mas também preservem as condições ambientais necessárias para o seu desenvolvimento cognitivo e resiliência diante das mudanças climáticas iminentes.
Fonte: Aventuras na História