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Centro recebe preguiças vítimas de choques, quedas e atropelamentos

22 de outubro de 2009
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A perda de hábitat, causada pela fragmentação intensa das últimas áreas de mata atlântica do Grande Recife, e a movimentação típica dos animais durante o período reprodutivo têm aumentado a entrada de preguiças (Bradypus variegatus) no Centro de Triagens de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama no Recife.

Veterinários do Ibama operam preguiça  (Foto: Edson Victor / Ibama PE)
Veterinários do Ibama operam preguiça (Foto: Edson Victor / Ibama PE)

De julho até hoje, faltando pouco mais de uma semana para encerrar o mês, foram recolhidos 28 exemplares. Só nas últimas duas semanas, oito espécimes foram entregues pela população e pelos órgãos ambientais parceiros. A maioria apresenta queimaduras causadas por choques elétricos e fraturas por quedas ou atropelamentos. Em 2008, de julho a outubro, o Cetas recebeu 24 indivíduos.

“É a época de reprodução e os machos se deslocam procurando fêmeas ou novos territórios para procriar. Como as matas estão escassas, acabam se aproximando de áreas urbanas, cruzando estradas e subindo em postes de energia”, sintetiza a chefe do núcleo de Fauna do Ibama em Pernambuco, Catarina Cabral. O resultado desse périplo acaba sendo quase sempre desfavorável aos animais. Muitos chegam seriamente queimados e deverão ter mãos, braços e pernas amputados. Outros perderão os movimentos para sempre.

Pelo menos a metade desses animais é proveniente do distrito de Aldeia, no município de Camaragibe, região metropolitana do Recife. Região que sofre intensa especulação imobiliária com o surgimento de condomínios de alto padrão, Aldeia teve áreas verdes fragmentadas, o que interferiu diretamente no deslocamento das preguiças.

Segundo Catarina Cabral, o Ibama prepara uma equipe para vistoriar o distrito, entrevistar moradores e observar as redes elétricas do local.“Se necessário, vamos propor às companhias de eletricidade que adotem em suas redes medidas de proteção para as preguiças, pois os

Preguiça com boca e membros queimados se recupera (Foto: Edson Victor / Ibama PE)
Preguiça com boca e membros queimados se recupera (Foto: Edson Victor / Ibama PE)

acidentes têm sido constantes”.

Também a população será orientada sobre como agir, caso se depare com preguiças. A recomendação é manipular o animal o mínimo possível, colocando-o num local à sombra e protegido do ataque de cães e de outros animais. Não alimentar, nem oferecer água. Comunicar imediatamente aos órgãos ambientais do município, da Polícia Militar (Cipoma) ou ao próprio Ibama. Enquanto não é feita a retirada, deve-se evitar a presença de pessoas ao redor das preguiças, pois se estressam com facilidade, o que prejudica sua recuperação.

As preguiças que se recuperarem completamente no Cetas do Ibama serão levadas para a soltura, em áreas protegidas. Aquelas que tiverem membros amputados ou perderem movimentos serão destinadas para recintos especiais mantidos pela Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Itabuna, na Bahia.

Airton De Grande
Ascom/Ibama/PE

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