A vereadora Isabella de Roldão (PDT) promoveu audiência pública nesta quarta-feira, 20, para debater o tema “Situação dos Animais na Cidade do Recife”. Ela afirmou que vem trabalhando em prol da causa animal desde agosto de 2014, quando participou de uma reunião com um grupo de ativistas e, desde então, tem disponibilizado o mandato para discutir políticas públicas que protejam e garantam os direitos dos bichos. “Quanto mais visibilidade se der à causa dos animais, melhor. O processo de exclusão é muito grande. São muitas a s dificuldades para se trabalhar com a causa. Até para se ter acesso à Secretaria de Defesa dos Animais, da Prefeitura do Recife, é difícil”, afirmou.
Ela citou que já vem trabalhando as questões ligadas à causa animal em diversos projetos de lei que tramitam na Câmara Municipal do Recife, dos quais um já virou lei, que é o 150/2014, que instituiu o 17 de dezembro como Dia Municipal dos Protetores dos Animais, no Recife. Os outros projetos de lei são 149/2014, que autoriza o Poder Executivo a construir abrigos para animais, no Recife; o 154/2014, que dispõe sobre transporte de animais domésticos no serviço público municipal de transporte coletivo de passageiros, no Recife; 169/2014, que proíbe a prestação de serviços de vigilância de cães de guarda com fins lucrativos no Recife; o 21/2015, que proíbe a venda e exposição de cães e gatos em pet shops no Recife; e o 76/2015, que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos em eventos realizados com a participação de animais, ou em áreas próximas a locais onde se abrigam animais no Recife.
Fizeram parte da mesa de debates o gerente do Centro de Vigilância Animal (CVA), Jurandi de Almeida; o gerente geral da Secretaria de Direitos dos Animais da Prefeitura do Recife, Robson Melo; o coordenador do Movimento Social Liberte, Augusto César Bezerra da Silva; a representante do Programa Adote um Vira Lata, Lena Costa Carvalho; a coordenadora do Projeto Patinhas, Luciane Nascimento; e a secretária de Saúde de Serra Talhada, Márcia Conrado.O plenarnho estava lotado de militantes do movimento social que trabalha com a causa animal. “O que dá para perceber é que os movimentos em defesa dos animais começam pelas redes sociais e depois tomam as ruas. Por isso, é importante que todos nós possamos dar visibilidade à causa’, disse Isabella de Roldão.
O gerente geral da secretaria dos Direitos Animais, Robson Melo, disse que a secretaria municipal foi criada em 2013 pelo atual prefeito Geraldo Júlio, “uma marco na gestão municipal”. Anunciou que o Hospital Veterinário do Recife, no bairro do Cordeiro, já está em obras e que a primeira etapa passará a funcionar em março de 2016. “O hospital foi uma promessa de campanha do prefeito, que está sedo cumprida. Ele vai funcionar 24 horas por dia, oferecendo atendimento clínico, cirúrgico (castração e ortopédico), exames laboratoriais e diagnóstico por imagem (raio-x e ultrassom)”, disse. Prometeu que a secretaria também pretende criar um crematório público de animais e ambulância do tipo SAMU para recolher animais doentes. Robson Melo disse que a secretaria realiza controle populacional, retirada de animais das ruas, eventos de adoção, campanha de castração e campanha educativa nas escolas da rede municipal.
Luciane Nascimento, do Projeto Patinhas, disse que a ação mais importante que pode ser feita dentro da política de proteção aos animais é a castração. “Essa é a melhor forma de controle. Nós, do projeto, indicamos à população os veterinários que podem fazer esse serviço de forma mais barata e acessível. Também temos nosso projeto de doação”, disse. Ela criticou que o número de castração realizado pela Secretaria de Defesa dos Animais é insuficiente. Lena Costa Carvalho, do projeto Adote um Vira Latas, disse que “não adianta fazer a castração, sem fazer o controle populacional, com aplicação de microchips nos animais; assim como não adianta fazer as duas coisas sem o apoio de uma campanha educativa”. O Adote um Vira Lata é um programa de extensão da Universidade Federal de Pernambuco, que testa modelos de intervenção social para adotar políticas públicas.
O dirigente do Centro de Vigilância Animal (CVA), Jurandi de Almeida, concedeu sua apresentação à técnica de Vigilância de Saúde, Denise Oliveira. ”A esterilização dos animais sem a guarda responsável não resolve o problemas dos animais de rua. Esse é o nosso desafio, tanto do poder público quanto das organizações que trabalham com a causa. A simples esterilização não vai resolver”, afirmou. Ela também defende uma parceria das entidades sociais com o poder público para superar os desafios. Denise apresentou alguns dados: o CVA tem dois ambulatórios para avaliação clínica, uma sala de castração, duas de cirurgia, já realizou 1.505 consultas veterinárias este ano (foram 4.066 em 2014); realizou 230 cirurgias este ano (874 em 2014). Tem 16 canis coletivos para observação e nove para adoção; e abrigamento para gatos em oito gaiolas. Além disso, faz controle de roedores, vigilância da qualidade de água etc.
A secretária de Saúde de Serra Talhada, Márcia Conrado, disse que o município do sertão criou o primeiro hospital veterinário público de Pernambuco. “Ele foi inaugurado no dia 30 de janeiro. É um hospital que funciona 24 horas por dia para as emergências, e nunca fecha. Os exames e consultas têm que ser marcados”. Ela disse que o hospital foi erguido no local onde, antes, ficavam a sede do centro de zoonoses. “Nós reformados e modernizados o espaço. Foram gastos R$ 100 mil”, disse. O serviço dá prioridade aos animais que vivem nas ruas. Eles são recolhidos por uma ONG, são medicados, tratados, vermifugados e direcionados à ONG responsável pelo processo de adoção. Tem centro cirúrgico, laboratório, sala de pós-operação e funciona como clínica, das 8h às 13h para consultas, vacinas etc.
Fonte: Câmara Municipal do Recife