A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), atualizada hoje (28/10), apresenta uma lista abrangente de todos os animais, plantas e fungos, juntamente com seu risco de extinção.
As espécies são classificadas em nove categorias, que variam de não avaliadas até extintas. Para os cientistas, quando uma espécie alcança a categoria de “quase ameaçada” ou superior, fica claro que sua viabilidade para as futuras gerações está em risco.
As espécies a seguir atingiram o status de Criticamente em Perigo, penúltima categoria da Lista Vermelha da IUCN, na atualização feita hoje. Se sua situação piorar, há apenas uma categoria a ser alcançada: extinção.
Rato-espinhoso da Ilha Manus
Uma das espécies que mudaram de categoria neste ano é o rato-espinhoso da Ilha Manus (Rattus detentus), encontrado no Arquipélago de Bismarck, em Papua-Nova Guiné. Agora marcado como Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinto na Natureza), seu último avistamento foi em 2016. Buscas recentes não encontraram esses roedores, ameaçados principalmente pela degradação de seu habitat e pela caça.
Cobra-cuspideira de Nyanga
Historicamente encontrado em bosques de Miombo e pastagens de alta altitude, a cobra-cuspideira de Nyanga (Hemachatus nyangensis) foi reclassificado como Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinto na Natureza) na Lista Vermelha deste ano, após atualizações na análise de seu habitat.
Não há registros da cobra desde 1988. Caso ainda exista uma população selvagem, os pesquisadores acreditam que ela consistiria em menos de 50 indivíduos maduros. Embora a espécie tenha sido registrada apenas nas cordilheiras do Zimbábue, pode também ocorrer em condições similares encontradas nas cordilheiras de Moçambique.
As terras no distrito de Nyanga foram transformadas para a agricultura e invadidas por plantas exóticas. A mineração e o desmatamento em pequena escala também representam uma possível ameaça ao futuro da espécie. Vários espécimes foram mortos em estradas ou em áreas de habitação humana, destacando as ameaças antropogênicas.
Faisão-de-edwards
Uma avaliação atualizada de 2024 mostrou que o faisão-de-edwards (Lophura edwardsi) foi rebaixado para a categoria Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinto na Natureza). Como seu nome sugere, a ave é endêmica das florestas de baixa altitude de Annam, no Vietnã, mas não é avistada em seu habitat natural desde 2000.
A espécie sofreu com o desmatamento, a caça e os efeitos dos herbicidas usados durante a Guerra do Vietnã, o que contribuiu para o declínio da população. Apesar do número reduzido de indivíduos maduros na natureza, esforços de proteção e programas de reprodução estão sendo realizados para revitalizar a espécie.
Bantengue
A contínua perda de habitat e o aumento da caça levaram o bantengue (Bos javanicus) a passar de Ameaçado para Criticamente em Perigo este ano. A caça à espécie é impulsionada pela demanda por sua carne, frequentemente utilizando armas de fogo, armadilhas e cães domésticos para capturá-los.
Atualmente, o bantengue selvagem é encontrado em florestas em Java, Myanmar, Tailândia, Bornéu Indonésio, Vietnã, Laos e Camboja. No Camboja – onde 16% da cobertura florestal do país foi destinada a concessões de terras para fins econômicos – a espécie continua enfrentando os impactos da expansão da agroindústria em larga escala. Oito licenças de mineração estão ativas em duas áreas protegidas no país, onde há alta concentração da espécie.
Esquilo-terrestre-malhado
O esquilo-terrestre-malhado (Spermophilus suslicus) caiu de Quase Ameaçado para Criticamente em Perigo devido à diminuição na adequação de seu habitat. Nos últimos 30 anos, a população global da espécie despencou 99%.
Encontrado no sudeste da Polônia, pequenas áreas de Belarus, Ucrânia, Moldávia e Rússia, até o rio Volga, esses esquilos tem sido ameaçados pela perda e fragmentação de habitat devido a desenvolvimentos industriais, urbanização e expansão da terra para a agricultura. Mudanças climáticas na última década também têm contribuído para o declínio da espécie, devido ao aumento de inundações e secas.
Maçarico-esquimó
Avistado pela última vez em 1963, o maçarico-esquimó (Numenius borealis) foi rebaixado para Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinto) na Lista Vermelha da IUCN de 2024. Endêmico de países como Argentina, Barbados, Brasil, Canadá, Estados Unidos e México, acredita-se que a população de aves maduras na natureza seja inferior a 50 indivíduos.
Embora a espécie tenha sido caçada brevemente nos Estados Unidos, a principal causa de seu declínio foi a perda de habitat para a agricultura, bem como a supressão de queimadas nas pradarias. A extinção de M. spretus – um gafanhoto do qual o maçarico-esquimó se alimentava – também contribuiu para sua queda populacional.