Os atropelamentos mortais de fauna nas estradas portuguesas aumentaram 10% em 2013 relativamente ao ano anterior, indica o mais recente relatório da mortalidade nas vias rodoviárias sob a gestão da Estradas de Portugal (EP), já disponível online.
A monitorização da mortalidade de animais nas estradas portuguesas iniciou-se após o estabelecimento, em 2010, de um protocolo de colaboração entre a EP e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Esta parceria teve como objetivo a identificação dos locais com maiores índices de mortalidade e dos grupos faunísticos mais afetados para posterior adoção de medidas de minimização do seu impacto negativo nas populações silvestres, explica a EP no seu website.
Assim, desde 2011 que tem sido contabilizado o número de atropelamentos de animais domésticos e silvestres e analisada a sua incidência dos diferentes grupos faunísticos, bem como a sua variação espacial e temporal, resultados que são apresentados sob a forma de relatórios de síntese anuais acessíveis no website da EP.
A avaliação anual mais recente, que diz respeito a 2013, foi disponibilizada online recentemente e revela que o número de atropelamentos registados foi de 2678, um acréscimo de 238 ocorrências em relação a 2012.
O aumento da mortalidade é atribuído pela EP à ampliação da rede viária sob a gestão da empresa. Com efeito, o número de animais atropelados triplicou no distrito do Porto, onde a extensão das estradas concessionadas sofreu um incremento de 94 km.
Em termos globais, o distrito com maior registo de atropelamentos foi o de Lisboa, seguido de Évora, Setúbal e Porto e os mamíferos foram o grupo de vertebrados silvestres mais afetado, registando um total de atropelamentos mortais superior a 880, dos quais 577 correspondem a carnívoros, nomeadamente raposas (N=206), fuinhas (N=94), texugos (n=93) e sacarrabos (n=86).
Outras ordens de mamíferos atingidas foram a dos lagomorfos (coelhos e lebres – N=151) e dos insetívoros – N=130). Por outro lado, a mortalidade de aves (sobretudo rapinas noturnas), répteis (especialmente cobras) e anfíbios (nomeadamente sapo-comum) corresponde a 15%, 5% e 1% do total de atropelamentos contabilizados, respetivamente.
No entanto, o relatório salienta que a elevada representatividade dos mamíferos pode ser uma consequência da metodologia de recolha amostragem, que pode subestimar os atropelamentos de outros grupos, nomeadamente de répteis e anfíbios, devido à sua baixa detetabilidade e elevada taxa de degradação.
A análise global dos dados relativos ao período entre 2011 e 2013 revela que a maior fração de atropelamentos diz respeito ao IC1, no distrito de Setúbal, à EN116/A21 e ao IC17, no distrito de Lisboa e, finalmente, ao IP2 no distrito de Évora.
Cada dos “pontos negros” identificados foi sujeito a uma análise individual e propostas medidas para diminuir a mortalidade dos grupos mais afetados. Estas medidas passam, por exemplo pela adaptação de passagens hidráulicas/agrícolas para promover a sua utilização pelos carnívoros, a reparação/reforço das vedações para impedir o acesso destes animais e dos lagomorfos (coelhos e lebres) e ungulados (como javalis e corços) à via, a colocação de sinalização de zona de passagem de animais para que os automobilistas reduzam a velocidade e o corte da vegetação das bermas para aumentar a visibilidade dos animais e condutores.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Naturalink