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AMEAÇA DE BOMBARDEIO

Ativistas unem esforços para retirar ursos que vivem em santuário na Ucrânia

3 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
6 min. de leitura
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Foto: White Rock Bear Shelter

Ativistas e especialistas na vida selvagem estão correndo contra o tempo e unindo esforços retirar ursos, tigres e leões que vivem no santuário White Rock Bear Shelter, em Berezivka, na Ucrânia. O local, além de ser um refúgio para ursos vítimas de exploração e maus-tratos, também funciona como abrigo temporário para animais silvestres e selvagens resgatados. Até o momento, quatro leões, quatro tigres, um cachorro selvagem e um macaco foram retirados em segurança e estão a caminho da Polônia.

O maior desafio no momento será o translado de sete grandes ursos que são residentes fixos do santuário e precisam ser cuidadosamente anestesiados e transportados em grandes containers. Maryna Shkvyria, porta-voz do White Rock Bear Shelter, afirma que têm sido longos dias e noites em busca de apoio, elaborações logísticas e preocupação com o bem-estar dos animais. Uma viagem de Berezivka até a fronteira polonesa dura em torno de oito horas e precisa ser feita com cautela.

Ela conta que o clima que predomina é de tensão. “Os animais estão nervosos e às vezes há sistemas antiaéreos em funcionamento. Não temos uma decisão final sobre como vamos retirar os ursos, mas estamos trabalhando neste plano caso as estradas sejam seguras”, disse Shkvyria. A ativista afirma também que para evitar chamar a atenção dos russos, está mantendo as luzes do santuário apagadas e evita o máximo de barulho possível.

Os ursos que vivem no White Rock Bear Shelter foram salvos de diversas situações aterradoras. Um deles, chamado carinhosamente de Synochok, foi explorado durante oito anos por um circo para entretenimento humano. Outros foram resgatados de zoos particulares de várias partes da Ucrânia. A maioria dos animais do santuário, que tem cerca de dois hectares, são ursos-marrons, mas um, chamado Malvina, é da espécie menor do Himalaia.

A organização Four Paws International, com sede em Viena, é solidária a abrigos, santuários e está atenta à situção de zoos na Ucrânia. “Estamos monitorando de perto a situação dos zoológicos e outras instalações que mantêm e cuidam de animais selvagens. Estamos em contato próximo com nossos parceiros que também administram santuários de animais selvagens no país para avaliar suas necessidades e que apoio podemos fornecer a eles”, fisse um porta-voz.

A Four Paws reforça ainda que também está encabeçando campanhas para ajudar animais domésticos que conseguiram atravessar as fronteiras ucranias com os seus tutores. “Também estamos entrando em contato com nossas organizações parceiras nos países que fazem fronteira com a Ucrânia, para onde refugiados ucranianos estão fugindo com seus cães, gatos e outros animais de estimação, para avaliar suas necessidades e formas de apoiá-los”, afirmou.

Zoos sob ameaça

Após o zoológico de Feldman, em Kharkov, anunciar que um bombardeio matou macacos e veados que eram mantidos em cativeiro no local, o zoo de Kiev anunciou que não tem planos para evacuar os quatro mil animais que são mantidos aprisionados em suas instalações. Elefantes, camelos, gorilas e outras espécies selvagens pivadas de sua liberdade permanecerão na capital ucraniana em meio aos bombardeios e correm risco de morte.

Criticado, o zoo justificou que não não há apoio logístico para retirar os animais, que estão recebendo apenas cuidados paliativos, como sedativos durante explosões. O diretor do local informou que “não é possível oferecer serviço veterinário adequado e transporte de gaiolas para outro país” e disse ainda que “os funcionários do zoológico, tratadores, veterinários, serviço de engenharia e outros, estão no zoo e trabalham 24 horas por dia”.

Caso Feldman

O conflito entre Rússia e Ucrânia não ameaça apenas pessoas e animais domésticos, espécies selvagens e silvestres aprisionadas em cativeiro estão em situação de completa vulnerabilidade. O zoológico de Feldman, em Kharkov, foi atingido por bombas russas. Informações divulgadas pela equipe do local afirmam que veados e várias espécies de macacos morreram com as explosões. Existe ainda a possibilidade de mais animais terem sido atingidos, pois o zoo é grande e com a guerra, há poucos funcionários para realizar uma vistoria.

Dados da BBC apontam que ocorreram pelo menos 50 relatos de explosões na área onde fica o zoológico, que acusa o ataque de ser proposital. “Não podemos dizer que foi um acidente. Ao nosso redor há apenas floresta e uma estrada, eles queriam nos atingir mesmo não sendo um alvo militar”. Os funcionários do zoo confirmam que os animais estão em risco. “Os animais vivem em vastas áreas naturais e ainda não podemos ter uma estimativa certa dos danos. Neste momento é impossível pensar em movê-los ou escondê-los em algum lugar”, disse o Feldman em nota.

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