No sábado (11), às 11h, ativistas dos direitos animais farão uma manifestação em frente à Prefeitura de Ilhabela (SP) para conscientizar a população sobre as consequências da exportação de animais vivo para o consumo humano. A concentração para o Ato Contra a Exportação de Vidas II será na Praça Major João Fernandes, no centro de São Sebastião (SP), e de lá os manifestantes partirão de balsa para Ilhabela.
São Sebastião, no litoral norte paulista, tem um dos portos brasileiros de onde com mais frequência tem partido navios com grandes quantidades de animais vivos enviados ao Oriente Médio para serem mortos seguindo os preceitos do abate halal. Enquanto em 2016 eram embarcados cerca de 46 mil bovinos por ano, em 2017 o total já havia ultrapassado 92 mil – ou seja, o dobro.
Já em 2018, a média foi de 10 mil animais embarcados por mês, movimentando 300 mil reais por dia de embarque, embora o Porto de São Sebastião não cumpra as exigências ambientais do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
No Brasil, o assunto hoje é bastante polêmico, considerando episódios de laudos comprovando crueldade contra animais, más condições de higiene e espaço, calor extremo, bovinos mortos, moídos e descartados em alto mar; e poluição das águas em decorrência dos dejetos gerados pelos animais ao longo de 21 dias – que é o tempo médio que dura uma viagem de navio que transporta “carga viva” até o Oriente Médio.
Só em 2018, o Brasil exportou cerca de 700 mil bovinos nessas condições. E tudo indica que em 2020 o volume será maior, levando em conta acordos que o governo vem firmando desde 2019 para que o país amplie as exportações de “gado em pé”.
Ainda que haja uma alegação de suposta contribuição à economia, vale lembrar que em 2019 sete desembargadores que analisaram recurso interposto pelo Fórum Animal no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) em São Paulo reconheceram que a exportação de gado vivo é irrelevante para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, além de trazer consequências negativas para o meio ambiente e para os animais.
Um trabalho que também apresenta inúmeras razões pelas quais a exportação de animais vivos já deveria ter chegado ao fim no Brasil é o documentário de curta-metragem “Exportando Vidas”, lançado em julho de 2018 pelo movimento Nação Vegana Brasil.
No filme, que representa manifesto e voz de milhões de animais exportados no mundo todo para serem mortos em outros países, o advogado Ricardo de Lima Cattani afirma que a alegação comum de ruralistas, inclusive políticos, de que a exportação de animais vivos interfere substancialmente na economia, é mentirosa, porque se um animal não é embarcado vivo para outro país, o pecuarista vai matá-lo e lucrar do mesmo jeito.
“Ele quer ganhar mais dinheiro vendendo o animal vivo, e mesmo que custe o mal-estar, a crueldade contra os animais. Assim ele ganha mais dinheiro, sem imposto, porque quando vende para o frigorífico ele tem os encargos”, frisa Cattani.
O documentário produzido pelo grupo Nação Vegana Brasil também mostra imagens reais e inclusive atuais da exportação de animais. É possível ver animais apreensivos, assustados e sujos dentro de navios – em um perceptível cenário de negligência e imundície.
Saiba mais
A Praça Major João Fernandes fica em frente ao Hotel Romã, no centro de São Sebastião.
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