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Ativistas querem fim da extração de bílis em ursos na China

12 de janeiro de 2012
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Animais são confinados e torturados (Foto: Cornelius Maarselar/Animals Asia)

Ativistas britânicos se uniram com praticantes da medicina tradicional chinesa nesta segunda-feira (9), para exigir o fim da extração da bílis (líquido produzido pelo fígado) em ursos, que eles consideram cruel e perigosa, segundo o jornal The Guardian.
A nova campanha contra a prática atinge as empresas farmacêuticas, a exemplo da Kaibao, que fazem remédios contra a febre a partir da bílis extraída de furos feitos nos corpos de milhares de ursos enjaulados.
A técnica de retirada da bílis é aprovada pelo governo chinês, mas segundo os ativistas ela compromete o bem-estar dos animais e o produto pode ser prejudicial para a saúde humana. Eles afirmaram que existem alternativas mais seguras e mais humanas. Cientistas chineses estudam substitutos sintéticos a mais de 30 anos e já realizaram testes de campo, mas o Ministério da Saúde ainda não quer conceder a autorização para uso comercial.
O professor de medicina da Universidade Capital e ex-membro da avaliação do Ministério da Saúde, Gao Yimin, destacou ao The Guardian que os materiais sintéticos foram tão eficazes como a bílis e muito mais seguros.
– Para extrair o fel, introduzem bactérias infecciosas potenciais nos ursos. Esta técnica, na verdade, reduz a eficácia do fel e é prejudicial para a saúde humana – observou o especialista.
A comercialização da bílis
O número de fazendas que torturam e exploram ursos para a extração de bílis está estimado em 96, a maioria no Nordeste, que contém entre 10.000 e 20.000 animais. Cada uma produz por ano 3 kg da substância, que chega a custar cerca de R$ 2.600,00 a preços de atacado, e muito mais no final de venda aos consumidores e hospitais.
Segundo os ativistas, este é um negócio lucrativo para os agricultores e as empresas farmacêuticas em Xangai.
O material é utilizado na fabricação de medicamentos a exemplo do “Tanreqin”, que é prescrito por médicos chineses para reduzir febres em crianças. Existem cerca de 241 outros tipos de medicamentos feitos a partir da bílis, que fazem parte da farmacopéia chinesa a mais de 1.400 anos.
Segundo os grupos de bem-estar animal, a industrialização dos medicamentos é na verdade um perigo para a saúde. Toby Zhang, diretor de assuntos externos da ONG, relatou que estudos científicos descobriram que 100% dos ursos confinados sofriam de infecções e outras doenças, apesar de serem bombardeados de antibióticos.
Ele acrescentou que mais de um terço dos animais resgatados de fazendas morreram de câncer no fígado, levando a alertas de que sua bílis pode conter substâncias cancerígenas.
Quarenta farmácias em Chengdu e Shenyang já aderiram à campanha e afirmaram que não vão mais estocar bílis de urso.
Os ativistas explicam que este é apenas o começo de uma ínfima parte das milhares de drogarias na China, mas que já é um sinal de progresso.
– É um grande passo à frente para ter o apoio de alguns praticantes da medicina chinesa tradicional, que aceitam que as técnicas atuais não comprometem apenas a saúde dos ursos, mas dos consumidores – ressaltou Jill Robinson, o fundador da Animals Asia que está na campanha desde 1995.
– O que há de novo é o conhecimento sobre os riscos. Estamos trabalhando com mais médicos, mais celebridades, mais escolas para difundir a mensagem. Nós não vamos desistir – concluiu Robinson.
No entanto, não existem indicações que o governo pode abandonar o seu apoio aos agricultores, que definem suas técnicas como ‘indolores’. Para os ativistas, as autoridades podem estar preocupadas com os custos de fechamento da indústria, o que exigiria compensação para os proprietários, empregos alternativos para os trabalhadores e um programa de abrigos para mais de 10.000 ursos.
Com informações do R7

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