Por Raquel Soldera (da Redação)
Dezenas de pessoas se reuniram neste domingo (03) na porta da Plaza de Toros de Valencia, na Espanha, para protestar contra os maus-tratos de animais em circos e pedir à prefeitura da cidade a proibição desse tipo de espetáculo em que seres vivos são usados.
O protesto foi realizado devido à chegada na cidade de até três circos que utilizam animais em suas apresentações, com a exploração de elefantes, tigres, leões, focas, camelos e até um rinoceronte.
Durante o ato três pessoas posaram seminuas e acorrentadas, vestidas como elefante, tigre e leão, e exibiram cartazes com mensagens como “Prisões, cadeias e sofrimento”, “Chega de circos com animais”, “Chega de maus-tratos”, “Direitos para os animais já”. Além disso, várias pessoas gritavam frases como “Os animais não são palhaços”, “Circo sim, mas não com animais”, ou “Este circo maltrata animais”.
A responsável pela ONG AnimaNaturalis em Valencia, Elisa Arteaga, disse que a reivindicação principal é que a prefeitura discuta e aprove a proibição de animais em circos na cidade, como foi feito em 25 municípios espanhóis. Salienta que a ONG não é contra o circo, mas propõe a substituição da apresentação de animais pela apresentação de pessoas nos espetáculos.
Além disso, Arteaga disse que o “abuso físico e psicológico sofrido por esses animais nos circos é mais do que óbvio” e alertou para “os duros treinamentos” a que são submetidos os animais nesses espetáculos.
Elisa Arteaga também pediu o boicote dos cidadãos e que não apoiem nenhum circo que utiliza animais. Na sua opinião, “assistir a estes espetáculos ensina às crianças a falta de respeito pela natureza e dignidade de outros seres vivos” e os leva a ter uma ideia de que “é divertido testemunhar estes atos que não são naturais e são humilhantes”.
Comportamento destrutivo
Elisa Arteaga explicou que os responsáveis pelo circo “maltratam física e psicologicamente os animais em treinamentos e funções e os obrigam a viver uma vida precária em um estado de exploração extrema”. Como resultado, os animais “desenvolvem uma doença que é chamada zoocosis, realizando movimentos obsessivos e repetitivos, desenvolvendo comportamentos destrutivos e até automutilação”.
Os animais de circo vivem em pequenas jaulas, onde mal podem se mover ou passam a maior parte do dia amarrados com cordas ou correntes. Isso “os impede de desenvolver os seus comportamentos naturais e lhes causa danos psicológicos”.
Cavalos e elefantes passam cerca de 96% do tempo amarrados em cordas curtas, enquanto os tigres e leões passam entre 75% e 99% de sua vida em jaulas de três metros quadrados localizados nos caminhões.
Para Arteaga, os animais atuam apenas por medo, visto que, quanto mais ferozes são, mais dura é a punição, utilizando métodos de treinamento que envolvem o uso de hastes de aço, chicotes, aparelhos elétricos, privação de água e comida, e isolamento.
Assim, “os animais são forçados a adotar comportamentos artificiais e anormais”. Além disso, os constantes ensaios os destroem, assustam e produzem angústia, disse a responsável pela ONG em Valencia.
Nos últimos meses, a AnimaNaturalis tem realizado ações de protesto em várias cidades da Espanha e Catalunha. Isto fez com que um total de 23 localidades se declarassem livres de circos com animais.
Com informações de AnimaNaturalis