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Ativistas protestam contra uso de cavalo em peça teatral

17 de março de 2014
3 min. de leitura
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(da Redação)

Manifestante protesta contra uso do cavalo na peça. Foto: Folha de São Paulo
Manifestante protesta contra uso do cavalo na peça (Foto: Folha de S. Paulo)

O uso de um cavalo no espetáculo teatral “Eu Não Sou Bonita”, que faz parte da programação da 1ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, atraiu manifestantes ao Teatro Cacilda Becker, em sua primeira apresentação na semana passada. As informações são do Estadão e da Folha de S. Paulo

Ativistas defensores dos direitos animais interromperam a performance de Angélica Liddell para protestar contra a presença do animal no palco e de sua exploração para fins artísticos. Segundo relatos de espectadores, a produção permitiu que os manifestantes pudessem se pronunciar por dois minutos, o que ocorreu sob vaias da plateia. Em seguida, os manifestantes deixaram o teatro e Liddell prosseguiu com o espetáculo.

Foto: Instagram / Barbara Gancia
(Foto: Instagram / Barbara Gancia)

Na peça, a diretora e atriz conta a sua própria história e o abuso sexual que sofreu na infância. Na sinopse, a peça se afirma como “uma crítica à sociedade patriarcal e aos papéis que ela impõe às mulheres desde o nascimento”. O espetáculo propõe um diálogo com a estética gótica, e assim tenta justificar o uso do cavalo branco em cena.
No sábado, em entrevista a Antonio Araújo, um dos curadores da Mostra, Angélica declarou: “não faço nada errado. O cavalo recebe os cuidados que uma criança receberia. Consulto as leis de cada país e tenho respaldo legal para fazer a montagem. Minha intenção não é machucá-lo, mas usar sua presença para comunicar. Raramente vejo esse tipo de reação negativa, de quem interpreta que ele está ali apenas por estar”.

A colunista Barbara Gancia estava na plateia e relatou o fato em sua coluna na Folha: “O pobre animal estava entocado num canto do palco atrás de um monte de feno, cena assaz perturbadora”. Ela conta que o cavalo parecia incomodado quando a atriz gritava ou quebrava objetos em cena.

Segundo a repórter, houve uma atitude de repúdio da plateia com relação aos manifestantes, e as pessoas levantaram-se enfurecidas. Mas Barbara posicionou-se a favor dos ativistas: “No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens expressando os direitos de quem não tem voz ativa”, complementou.

“Finalmente após serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentou-se tremendo na cadeira ao meu lado. ‘Como a senhora se chama?’, perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando. ‘Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende? Sabe o que é um ser senciente?’. Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque para quem se pretende atriz e denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade”, concluiu Barbara em sua coluna.

Foto: Instagram / Barbara Gancia
(Foto: Instagram / Barbara Gancia)

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