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ABUSO

Ativistas pedem que universidades parem de explorar animais como mascotes nos EUA

A temporada esportiva universitária de 2024/2025 "se transformou em um circo caótico", nas palavras dos ativistas, com um tigre e um boi sendo levados para os estádios

27 de janeiro de 2025
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
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Mike the Tiger, tigre da LSU, durante jogo de futebol americano em novembro de 2024. Foto: AP/Gerald Herbert

Ativistas pelos direitos animais estão pedindo a proibição da exploração de mascotes vivos em jogos esportivos das universidades dos Estados Unidos.

As universidades estadunidenses possuem mascotes para suas equipes esportivas. Alguns são representados por animais domésticos, como Uga, bulldog da Universidade da Geórgia, e outras são representadas por animais selvagens, como Albert e Alberta, jacarés da Universidade da Flórida.

Em muitas das faculdades as mascotes são representadas por meio de fantasias, mas algumas universidades exploram animais silvestres e domésticos levando-os para o estádio em dia de jogo.

Preocupações relacionadas ao bem-estar têm sido levantadas sobre o uso de mascotes vivos, já que o ambiente artificial de um estádio cheio de fãs gritando, luzes brilhantes e barulhos altos pode deixar os animais estressados e aterrorizados. No caso dos animais selvagens a situação piora, pois eles foram tirados de seu habitat em algum momento e vivem aprisionados, quando deveriam estar na natureza ou em santuários, dependendo de suas condições.

Segundo ativistas da PETA, a temporada esportiva universitária de 2024/2025 “se transformou em um circo”. A ONG enviou uma carta à Associação Nacional de Atletismo Universitário (NCAA) pedindo à entidade reguladora que introduza uma política que proíba mascotes vivos em eventos esportivos universitários.

O pedido da PETA foi realizado após vários incidentes envolvendo a exploração de animais aprisionados como mascotes de equipes.

A Universidade Estadual da Louisiana (LSU) foi amplamente criticada por sua decisão de exibir um tigre vivo no campo esportivo antes do início de um jogo de futebol americano realizado em novembro de 2024.

Foram levantadas preocupações sobre o bem-estar do tigre, que foi visto andando em círculos dentro de uma jaula mantida no campo por cerca de sete minutos. A situação ficou ainda mais alarmante após a notícia de que o tigre usado no jogo havia sido supostamente adquirido de Mitchel Kalmanson, alguém que grupos de bem-estar animal referem-se como um exibidor de animais “notório” devido a uma série de violações da Lei de Bem-Estar Animal dos EUA nos últimos 25 anos.

A aparição do tigre marcou a primeira vez que a universidade usou um mascote vivo em um jogo desde 2015, ano em que a LSU anunciou originalmente que não levaria mais tigres para o estádio.

Bevo, mascote da Universidade do Texas, durante jogo de futebol americano em novembro de 2024. Foto: AP/Eric Gay

A Universidade do Texas (UT) em Austin também usa um mascote vivo. A presença de Bevo, um boi da raça Texas Longhorn com cerca de 770 quilos, em jogos de futebol americano há muito levanta preocupações de segurança, incluindo um incidente notável antes do Sugar Bowl em 2019, quando Bevo escapou do cercado de metal em que estava confinado e investiu contra o mascote vivo do time adversário.

Bevo já foi impedido de participar de vários jogos por razões de segurança, mas foi readmitido à beira do campo no Cotton Bowl Classic após uma proibição anterior.

A PETA afirma que uma política da NCAA sobre o uso de mascotes vivos poderia ajudar a combater a exploração de animais usados como mascotes e protegê-los do medo e do estresse que enfrentam nos jogos.

Sem uma política em vigor, as equipes também podem continuar a adquirir novos mascotes vivos.

Bing, o urso-gato-asiático da Universidade de Binghamton. Foto: Binghamton University

A Universidade de Binghamton recentemente decidiu começar a usar um urso-gato-asiático chamado Bing como mascote do time esportivo. A espécie está listada como “vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e destacaram que ele foi fornecido por um zoológico de beira de estrada em Harpursville, conhecido por suas inúmeras violações de bem-estar animal.

“Já avançamos muito desde a época em que a Universidade do Alabama mantinha um elefante vivo como mascote no campus e a UCLA trazia ursos vivos para seus jogos”, apontou a PETA em sua carta à NCAA. “Mas todos os animais são indivíduos únicos e interessantes com o direito de não serem explorados. À medida que mais e mais pessoas percebem isso, estudantes e fãs de esportes estão cada vez mais se opondo ao uso de animais vivos como ‘espetáculos’ em eventos esportivos.”

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