A famosa corrida de trenós puxados por cães Iditarod, no Alasca, está no centro de pedidos por uma investigação criminal após uma cadela grávida ter sido “explorada até a morte” durante o evento deste ano.
A cadela de quatro anos, chamada Ventana, colapsou e morreu durante a corrida em 9 de março. Na época de sua morte, Ventana havia sido forçada a correr mais de 480 quilômetros pelo musher (condutor de trenó) Daniel Klein.
Segundo o protocolo da corrida, uma necropsia foi realizada e revelou que Ventana estava grávida quando morreu. A tragédia destacou mais uma vez a natureza brutal da competição, com a morte de Ventana somando-se ao número de mais de 150 cães mortos no Iditarod desde sua criação.
Embora a corrida já tenha enfrentado críticas por mortes, lesões e preocupações com o bem-estar animal, a morte de Ventana é particularmente chocante devido à sua gravidez e, por isso, especula-se que possa ser uma violação da lei estadual.
O grupo de proteção animal PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) afirmou que enviou uma carta pessoal ao coronel Maurice Hughes, diretor da Polícia do Alasca, pedindo que ele inicie imediatamente uma investigação criminal sobre a morte de Ventana.
Na carta, a PETA ressalta que negligenciar os cuidados de um animal e causar sua morte viola o estatuto de crueldade animal do Alasca. De acordo com a organização, forçar uma cadela grávida a correr centenas de quilômetros até a morte não está isento de responsabilidade legal, apesar das exceções concedidas à indústria de corridas de trenó. O grupo ainda afirma que, mesmo pelas regras do próprio Iditarod, é proibido fazer uma cadela grávida participar da prova.
“Em vez de receber os cuidados que merecia, esta jovem cadela grávida foi forçada a puxar um trenó por centenas de quilômetros, enfrentando ventos cortantes e temperaturas congelantes, até que seu corpo exausto sucumbiu”, disse Tracy Reiman, vice-presidente executiva da PETA. “A PETA está pedindo às autoridades do Alasca que responsabilizem os culpados por essa morte e exige que os organizadores do Iditarod suspendam a corrida antes que mais cães paguem com suas vidas.”
A edição deste ano foi a mais longa em mais de uma década, com cerca de 1.815 quilômetros percorridos. Além da morte de Ventana, outros cães sofreram ferimentos ou complicações de saúde, incluindo Jett, que desmaiou na trilha e precisou de atendimento médico de emergência, e Hank, que, segundo relatos, caiu no gelo de um rio congelado.
No total, mais de 180 cães foram retirados da corrida este ano devido a exaustão, doenças, lesões ou outras causas.
Mas mortes e ferimentos não são incomuns no Iditarod. A edição do ano passado também ganhou as manchetes após três cães morrerem durante a prova.
Ativistas afirmam que não é apenas a corrida em si que preocupa, mas também o bem-estar dos cães durante o resto do ano, quando não estão competindo. Após o evento, muitos cachorros são mantidos em áreas desprovidas de estímulos, a maioria acorrentada, com apenas alguns metros quadrados para comer, dormir e fazer suas necessidades.
Problemas de saúde entre os cães de trenó também são comuns, com pesquisas mostrando que muitos sofrem de úlceras estomacais e mais de 80% provavelmente desenvolvem danos pulmonares permanentes.
A controvérsia contínua sobre o bem-estar dos cães levou a protestos públicos e da indústria contra o Iditarod, com empresas como Alaska Airlines, Coca-Cola, Jack Daniel’s e Chrysler retirando seu patrocínio do evento.
Segundo a PETA, a corrida também está perdendo popularidade entre participantes antigos, e esta edição teve o menor número de mushers da história.