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Ativistas na França lançam operação contra caça a passarinho 'iguaria de luxo'

1 de setembro de 2010
3 min. de leitura
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Defensores dos pássaros na França lançaram uma ampla operação contra caçadores de hortulanas, pequenas aves migratórias que são consumidas como iguaria de alto luxo da gastronomia francesa.

Esses passarinhos canoros são protegidos por lei desde 1999, mas sua captura é tolerada pelas autoridades no sudoeste do país.

No último domingo, a Liga de Proteção dos Pássaros da França deu início a uma vasta ação – prevista para durar duas semanas – para localizar e destruir as inúmeras armadilhas para hortulanas no distrito de Landes, ao sul de Bordeaux, na região da Aquitânia.

Nessa área do sudoeste da França, entre 30 mil e 50 mil hortulanas são capturados ilegalmente entre meados de agosto e o final de setembro, segundo a liga de proteção.

É nesse período do ano que eles atravessam a região da Aquitânia, vindos do norte e do centro da Europa, para ir à África, onde passarão o inverno.

Multas

Segundo os defensores dos pássaros, o número de hortulanas caçados na França corresponderia à população total da espécie em vários países europeus reunidos, como Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria e Dinamarca.

“No ano passado, somente oito multas foram dadas, apesar das promessas do ministério francês da Ecologia de acabar com a tolerância existente entre autoridades locais e os caçadores, que são mais de 1,2 mil na região”, diz Allain Bougrain Dubourg, presidente da Liga de Proteção dos Pássaros.

Os hortulanas, que eram antes reservados aos reis e hoje são servidos em alguns restaurantes sofisticados em Paris e Nova York, são capturados vivos pelos caçadores.

Os passarinhos, que pesam apenas entre 19 e 27 gramas, são engordados durante cerca de um mês, no escuro, com um tipo de milho, antes de serem mortos por afogamento em um copo de armanhaque (destilado de uva semelhante ao conhaque) para dar sabor à carne.

Fiscalizações

Os ativistas afirmam que continuarão fazendo fiscalizações na região da Aquitânia até o final de setembro para evitar a captura desses pássaros canoros, que medem somente 16 centímetros de comprimento.

O ex-presidente François Mitterand, falecido, e o ex-primeiro ministro Alain Juppé são algumas das personalidades francesas conhecidas por apreciar a reputada carne macia dos hortulanas.

“Por trás da tradição gastronômica, há um negócio lucrativo. O hortulana é vendido clandestinamente por 100 euros a 150 euros (entre R$ 230 e R$ 345)”, diz o presidente da liga de proteção.

“A caça escandalosa dos hortulanas continua a ser tolerada na França, apesar do declínio do número dessas aves em toda a Europa”, afirma Dubourg.

Segundo ele, a redução ocorre sobretudo na França, “onde a população diminuiu 30% nos últimos dez anos, apesar da lei de proteção da espécie de 1999”, diz Dubourg.

A ave, que tem o peito e a cabeça esverdeados e o pescoço amarelo, é cozida na própria gordura e degustada inteira, até mesmo com os ossos, seguindo um ritual.

De acordo com a tradição, o pássaro é segurado pelas patas e mordido como um “bolinho”.

Fonte: O Globo

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