Taiji, um pequeno vilarejo japonês, ganhou notoriedade mundial ao ter sua atividade de caça de golfinhos e baleias desvendada no filme The Cove, ganhador do Oscar de melhor documentário.
Mas alguns ativistas, inconformados com o desmascaramento, protestaram nesta sexta-feira (9) diante de um escritório da Unplugged Inc., distribuidora japonesa do filme. Eles exigem que o documentário, que mostra a matança de golfinhos em Taiji não seja mostrado no país.
Os participantes do protesto acusaram a distribuidora de trair o orgulho nacional japonês ao dar apoio ao filme, que eles veem como insultante à cultura tradicional da vila, da qual a caça aos golfinhos faz parte.
Aos gritos de “Traidores! Mercenários! Envergonhem- se!”, o líder do protesto Shuhei Nishimura bradava do lado de fora do escritório da empresa, nos subúrbios de Tóquio.
Ele exigiu um encontro com o presidente da companhia, enquanto cerca de 30 protestantes seguravam cartazes com os escritos “Não à exibição do filme antijaponês The Cove. Também convocavam os japoneses a “se enfurecer”.
Nishimura entregou uma declaração a um funcionário da distribuidora, que recusou comentar ou ser identificado. O presidente da Unplugged, Takeshi Kato, não apareceu.
“Vamos barrar a distribuição do filme e proteger este país”, disse Nishimura. “Se o Japão não proteger a vida, o espírito e o orgulho de seu povo, vamos fazê-lo nós mesmos.”
O filme ainda não foi liberado no Japão, mas a previsão é que comece a ser exibido no país em junho, em 20 a 30 cinemas.
Quando o filme foi exibido no Festival de Cinema Internacional de Tóquio em outubro, houve múltiplas recepções. De todo modo, a Unplugged havia dito que planejava apagar os rostos dos caçadores japoneses em Taiji para proteger sua identidade.
A equipe do filme invadiu uma área restrita para filmar o massacre de golfinhos.
O documentário, dirigido por Louie Psihoyos, segue a influência de Ric O’Barry, treinador da série de TV Flipper, dos anos de 1960. Este diz ter se tornado um ativista devido ao suicídio de um golfinho sob sua responsabilidade.
Golfinhos em Taiji. (Foto: Koji Sasshara/AP)
Vilarejo
Taiji, um vilarejo de 3.500 pessoas, caça golfinhos e baleias desde os anos de 1.600. Ela chama a si mesma de “Cidade das Baleias”, e tem um grande par de estátuas de baleias em sua estrada principal. The Cove se refere a Taiji e sua caça de golfinhos como “uma pequena cidade com um grande segredo”.
A maioria dos japoneses não come carne de golfinho. Seu consumo é limitado a um conjunto de vilas pescadoras onde o animal é caçado.
O governo do Japão permite que cerca de 19 mil golfinhos sejam mortos a cada ano. Taiji caça cerca de 2 mil deles cada ano para consumo de sua carne, e é atacada especialmente devido ao seu método de juntá-los e matá-los junto da costa.
Alguns são capturados e vendidos a aquários e parques aquáticos que realizam shows com eles.
Com informações de UOL
Nota da Redação: É lamentável que alguns japoneses mantenham a postura de continuar a defender a prática cruel de tamanho extermínio. Como se envergonham de ter o filme exibido e não de continuar o brutal assassinato? Infelizmente têm a caça aos golfinhos como “orgulho” nacional, mas não concordam que tal “cultura” seja escancarada. É preciso coerência. Se é algo de que se envergonham ao mostrar, por que continuam a praticar? Parece que quem merece a pecha de ‘mercenários’ não é a distribuidora do filme, mas quem continua a querer lucrar com o massacre de vidas.