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ESPÉCIE EM DECLÍNIO

Ativistas enviam carta ao presidente da França pedindo o fim do consumo de pernas de rã no país

O consumo dessa carne prejudica os animais, a biodiversidade e os humanos

17 de março de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Thomas Brown | Wikimedia Commons

Mais de 500 ativistas ambientais alertaram ao presidente francês Emmanuel Macron que as pernas de rã tão consumidas no país, está ameaçando a existência de certas espécies desse animal.

Em uma carta aberta escrita para Macron no início deste mês, organizada pelas ONGs francesas Robin des Bois e Vétérinaires pour la Biodiversité (Veterinários pela Biodiversidade), e pela instituição de caridade alemã Pro Wildlife, os 557 ativistas disseram que 4.070 toneladas de pernas de rã congeladas são importadas para a União Europeia a cada ano, entre 80 milhões e 200 milhões de rãs, dependendo do tamanho da espécie.

Um estudo conjunto realizado por Robin des Bois e Pro Wildlife constatou que a França sozinha consome mais de 3 mil toneladas de pernas de rã congeladas por ano.

A grande maioria dessas rãs vem de populações selvagens na Indonésia, Turquia e Albânia, dizia a carta, onde algumas espécies de rã estão em declínio significativo. O Vietnã também é um grande exportador de pernas de rã, mas estas geralmente são criadas em fazendas, ao invés de serem capturadas na natureza, de acordo com um comunicado de imprensa que acompanha a carta.

Os 557 signatários da carta, que trabalham nas áreas de estudo, proteção da natureza e medicina veterinária, sugeriram que a França deveria assumir a responsabilidade de proteger as espécies de rã, dado que é o país que consome a maior quantidade de pernas de rã na União Europeia. Segundo a carta, estudos recentes têm constatado que espécies comuns estão em declínio devido a caças intensas e exportações por muitos anos.

A carta diz que embora as populações de rãs nativas da União Europeia sejam protegidas contra exploração comercial pela Diretiva Habitats, lei de proteção que se estende por todo o continente, essa proteção não se estende às espécies importadas para a região. “É absurdo: as populações naturais de rãs aqui na Europa são protegidas pela legislação da União”, disse Sandra Altherr, chefe de ciência da Pro Wildlife, no comunicado à imprensa. “Mas a UE ainda tolera a coleta de milhões de animais em outros países – mesmo que isso ameace as populações de rãs lá. Isso não está de acordo com a estratégia recente de biodiversidade da UE.”

Alain Moussu, presidente dos Veterinários pela Biodiversidade, disse que os veterinários se juntaram a essa iniciativa porque “são sensíveis à crueldade que prevalece neste mercado e preocupados com os desequilíbrios ecológicos causados pelo colapso das populações de anfíbios”. Um desses desequilíbrios, sugeriu Moussu, é o aumento das populações de mosquitos, o que poderia ter um efeito cascata na saúde humana.

Os signatários pediram à França que desenvolva propostas para proteger as espécies de rã em declínio e para garantir que o monitoramento, a regulamentação e a sustentabilidade do comércio de pernas de rã sejam regidas por regras internacionais de comércio.

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