Por Camila Arvoredo (da Redação)
Na noite desta segunda-feira (7), a rede de televisão estado-unidense “Local 12” mostrou uma realidade envolvendo cães que muitas pessoas nem sabem que existe. É o leilão de cachorros, onde os animais são comprados e vendidos como coisas. Os leilões são legais e são os eleitores que devem decidir se ele deve continuar assim ou não. A repórter do “Local 12” Paula Toti viajou para o estado de Ohio e mostrou esta dura realidade.
Muitas pessoas ouviram falar das fazendas de filhotes: um sistema de criação de filhotes que almeja lucros, às custas do sofrimento e da exploração de animais. Cães gastam suas vidas nas gaiolas, fazendo filhotes, que são vendidos posteriormente em petshops. Esses cachorros reprodutores frequentemente provem de leilões, nos quais os cachorros são vendidos para qualquer um que queira pagar.
No Condado de Holmes, o mundo antigo e o moderno estão em disputa. Cavalos são usados para transportes e cachorros usados para aumentar os lucros.
Cães e licitantes vêm de todas as partes do país para o leilão de Farmerstown. Pessoas têm opiniões diversas. “Esta é a pior coisa que eu imaginei. Eu estou tão surpresa que isto aconteça aqui, nesta bela região de Ohio”.
“Nós não maltratamos estes cães. Eles nos são dados para que cuidemos deles, antes que eles sejam vendidos”. Harold Neuhart gerencia o leilão e nunca concordou com a filmagem do criadouro dos animais. Ele já ouviu críticas anteriormente. Na última venda de inverno, as vasilhas de água dos cães congelaram e a USDA deu queixa. “Eu estou a par de tudo, sobre a USDA, mas agora não há mais violações”.
Não se pode tirar fotos dentro dos leilões; muitos são Amishs e por razões religiosas não gostam de câmeras. Uma vez, foi feita uma gravação de áudio e vimos os cachorros serem trazidos uns atrás dos outros, sendo que todos estavam listados em um guia do comprador por sexo e origem. Um cachorro da raça pomerianian é vendido por 70 dólares. Alguns não são vendidos, sendo que muitos desses são mortos.
Alguns quilômetros mais para frente, manifestantes viajavam por uma longa distância para dizer que cães não deveriam viver as suas vidas em gaiolas. “Eles vivem num chiqueiro. Eles vivem toda a sua vida em gaiolas. Eles vivem sobre suas próprias fezes. Eles não têm nenhum contato humano e eles não socializam”.
Apesar dos protestos, cães são um grande negócio na região. Um criador amish vê nos protestos uma ameaça ao seu meio de vida. “Nós não queremos maltratar os animais. Nós queremos usá-los com respeito. Se tudo for proibido, nós não teremos nada”. Ele teme o crescente número de protestos em Ohio. “Muitos locais são inspecionados pelo condado e o estado já teve várias perdas. Se eles querem reforçar a qualidade dos criadouros já existentes, não deve haver criadouros fora dos padrões”.
Trezentos desses cachorros provêm de canis do Minnesota. Estes canis tiveram vários problemas de violação federal, sendo que muitos dos animais estavam em gaiolas apertadas e com pouco espaço. Grupos de resgate compraram alguns cachorros. “Um cão de dois anos não deveria parecer assim”.
Outro grupo de resgate comprou cinco cachorros. Este é o próximo passo na jornada deste pequeno Yorkie. Ele esteve na estrada, provavelmente por 48 horas, desde Minnesota (…), agora ele irá para o sul de Columbus para um grupo de resgate e para o veterinário. O veterinário encontrou dentes podres, duas infecções sérias de ouvido e deslocou os pés e os dedos por ter passado toda a sua vida numa gaiola. Um outro cãozinho teve suas cordas vocais retiradas no criadouro.
Somente cinco outros estados estado-unidenses possuem licença para criar cães além de Ohio, e o número está aumentando, já que muitos estados enfraqueceram suas legislações. Aqueles que pressionam pela extinção desses leilões dizem que eles já têm metade das assinaturas que precisam.