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CHACINA

Ativistas da Turquia não celebram Dia Mundial dos Animais em respeito a cães condenados à morte

7 de outubro de 2024
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto de Yasin AKGUL / AFP

A Turquia celebrou o Dia Mundial dos Animais, em 4 de outubro, em meio a uma crescente onda de protestos contra uma lei cruel, sancionada em agosto, que autoriza o assassinato de cães em situação de rua. A legislação, aprovada pelo parlamento e sancionada pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan, também prevê melhorias em abrigos de animais até 2028, mas tem sido alvo de críticas de grupos em defesa dos direitos animais, que temem que ela incentive mortes em massa de animais.

Ahmet Kemal Şenpolat, presidente da Federação dos Direitos Animais da Turquia (HAYTAP), afirmou ao Artı Gerçek que a celebração anual do Dia Mundial dos Animais, que visa promover o bem-estar animal desde sua criação em 1925, foi ofuscada este ano por um cenário legislativo que agrava, em vez de proteger, a situação dos animais em situação de rua no país. Desde a promulgação da lei, relatos de violência contra cães aumentaram significativamente.

“Todos os dias surgem novos relatos e imagens de maus-tratos e assassinatos de animais sem lar em várias cidades”, disse Şenpolat, destacando que a lei tem incentivado a violência. Ele também pediu uma mudança nas atitudes sociais em relação aos direitos animais e apoiou a ação judicial do Partido Republicano do Povo (CHP), que contestou a constitucionalidade da lei no Tribunal Constitucional.

Burcu Yağcı, do Centro de Direitos Animais da Ordem dos Advogados de Ancara, criticou a ambiguidade da lei, alegando que sua formulação permite que indivíduos e instituições ajam com impunidade, resultando na morte confirmada de 60 animais nos últimos dois meses. Ela ressaltou que, se a lei não for revogada, a proteção dos animais em situação de rua ficará seriamente comprometida.

Em protesto contra a legislação, vários grupos em defesa dos direitos animais anunciaram que não participariam das celebrações do Dia Mundial dos Animais, optando por uma manifestação em frente ao Tribunal Constitucional em Ancara. A iniciativa Sokaktayım Yanındayım, em declaração por escrito, expressou vergonha de viver em um país onde “leis são promulgadas para a morte de animais”, em um dia que deveria celebrar a vida e os direitos deles.

Ersin Tek, da Iniciativa Lei pela Vida, também condenou a situação, destacando que, em pleno Dia Mundial dos Animais, o país discute a matança apoiada pelo Estado. Ele apontou para a possibilidade de assassinatos de animais em áreas rurais que nem sequer foram relatados, sugerindo que o número de animais mortos pode ser muito maior do que o oficialmente divulgado.

A polêmica ganhou força após a descoberta de cadáveres de cães em municípios administrados pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), nas províncias de Niğde e Ancara, o que gerou indignação nas redes sociais. Embora os municípios envolvidos neguem irregularidades, a controvérsia sobre como lidar com a população de cerca de 4 milhões de cães em situação na Turquia persiste.

Ativistas continuam a pressionar por uma abordagem mais ética, pedindo campanhas de esterilização em massa como alternativa à morte induzida, e alertando que a política atual pode resultar em mais abusos e violência contra os animais em situação de rua.

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